Controle da ferrugem
Neste material você vai conhecer um pouco mais sobre:
- Os danos advindo do controle ineficiente da doença
- O que pode afetar a eficácia dos programas de controle
- Desafios
Dano devido ao mau controle da ferrugem
A otimização do controle da ferrugem na cultura da soja ocorre através da utilização de múltiplos métodos. Observações pessoais apontam para uma redução anual média e aproximada de 20% na produtividade da soja devido à incidência de doenças. No caso particular da ferrugem estes valores variam entre locais e dependendo da adequação do clima à evolução do patógeno.
Considerando a área plantada com soja e ocupada em sua maior extensão por cultivares suscetíveis, tanto no Brasil como na América do Sul, aliado à fácil disseminação de esporos abundantemente produzidos pelo patógeno, é evidente que a quantidade de inóculo disponível para infecção tem aumentado continuamente, refletindo diretamente no início das infecções à campo.
Caso não sejam adotadas medidas importantes para redução dos níveis de inóculo inicial de Phakopsora pachyrrizi, não haverá combinação de ativos capaz de entregar um controle adequado. Não basta avaliar a eficácia de controle de fungicidas, devem ser tomadas medidas sérias e técnicas sobre as causas do avanço acelerado da epidemia, sobretudo na reversão da magnitude de inóculo do patógeno, primeiro obstáculo a ser vencido.
Fatores que afetam a performance dos programas de controle químico
A ferrugem da soja pode ser controlada de forma eficaz através da aplicação de fungicidas apropriados. De maneira geral, a eficácia dos programas de controle está relacionada tanto ao desempenho dos fungicidas, pela própria sequência de produtos utilizada, como devido à sequência de ativos empregada.
Neste particular, o momento em que os fungicidas são posicionados, tanto em relação à chegada do patógeno na área como em relação à planta, são fundamentais e implicam uma série de dificuldades.
Além disso, o desempenho do produto irá depender da tecnologia de aplicação e de propriedades físicas e químicas da molécula que influenciam na chegada do ativo no sítio onde está o patógeno.
Tendo por base as características dos fungicidas, o momento da primeira aplicação de fungicidas muitas vezes, é o fator que determina o sucesso ou o fracasso dos programas de controle de Phakopsora pachyrrizi em soja. O desempenho dos fungicidas sistêmicos é reduzido gradativamente à medida que a aplicação é atrasada em relação ao início da infecção.
Aplicações realizadas após a observação dos primeiros sintomas, permitem que o patógeno se estabeleça no hospedeiro e entre em reprodução ativa, aumentando a pressão do inóculo que irá atingir tecidos sadios.
Aplicações antecipadas podem atingir o dossel inferior das plantas mais facilmente, protegendo as folhas baixeiras. Isso é extremamente importante, porque este é o local onde a doença encontra as melhores condições para dar início às primeiras infecções. A proteção do dossel inferior reflete em atraso da doença proporcionando um maior residual do fungicida.
O número de aplicações é dependente da época de semeadura e das condições ambientais. O número de aplicações será ditado em função do intervalo maior ou menor entre uma aplicação e outra. Em campos de soja semeado mais no tarde, os agricultores necessitam reduzir o intervalo entre as aplicações de fungicidas devido à maior quantidade de inoculo produzido nas áreas semeadas mais no cedo. Portanto, o número médio de aplicações de fungicidas durante uma safra de soja aumenta.
O residual de controle também dependerá do metabolismo e meia-vida de dissipação ou taxas constantes dos fungicidas nas plantas. Outro fator importante, e que interfere na persistência e consequentemente na eficácia de aplicações de fungicida, é a ocorrência de chuva após o tratamento. A precipitação pode reduzir a eficácia dos fungicidas, lavando o ingrediente ativo e removendo-o para fora da planta, causando uma perda na eficácia.
Diversos fatores agronômicos podem afetar a eficácia de um fungicida:
1) o momento da aplicação de fungicidas em relação à patogênese e à idade da planta;
2) arranjo de plantas que pode influenciar a deposição/cobertura de fungicidas ou permitir maior penetração de luz reduzindo as chances de infecção por parte do patógeno;
3) diferenças varietais responsáveis pela variação na tolerância ao patógeno ou na taxa de absorção de fungicidas;
4) nutrição das plantas que afeta diretamente a expressão das defesas vegetais devendo haver maior atenção aos níveis de cálcio, potássio, fósforo e manganês; ciclo da cultivar.
Desafios
Fungicidas são desenvolvidos para controlar doenças. Entretanto, estrubirulinas e carboxamidas dependem, para seu funcionamento pleno, de plantas fisiologicamente ativas, ao contrário de outros grupos cuja ação de controle ocorre diretamente sobre o alvo. Este novo cenário impõe a necessidade de programas de controle preventivo.
O problema que estamos enfrentando resulta de uma precariedade técnica no campo, decisões técnicas por parte de produtores ou consultores motivadas principalmente por fatores financeiros. É fundamental que haja um plano de Manejo Integrado com medidas culturais, genéticas, legislativas e químicas plenamente adotadas.