São vários os fatores que determinam o crescimento e o desenvolvimento das plantas de lavoura. Conhecer estes fatores auxilia na tomada de decisão sobre manejos a serem realizados. Alguns deles você já conheceu na Parte 1, como temperatura, água e gás carbônico, porém, há outros fatores que também influenciam a planta no seu crescimento. A ilustração a seguir apresenta estes fatores e sua respectiva definição:
A seguir, conheça cada um dos fatores em detalhes:
AFILHAMENTO
Caracteriza-se por ser uma estratégia morfológica por meio da qual as plantas expressam a capacidade de repor e incrementar estruturas morfológicas pela emissão de novas frações na planta. Os afilhos são oriundos de gemas axilares localizadas na base da coroa das plantas ao nível do solo, a emissão de afilhos é determinada pela intensidade luminosa (espetro de luz vermelho/vermelho distante), temperaturas baixas, maior acúmulo de assimilados, características genéticas da espécie, nutrição mineral (nitrogênio), balanço hormonal e oferta hídrica.
MORFOGÊNESE
Define-se como a expansão da planta no espaço físico, sendo descrita através da taxa de aparecimento de folhas, taxa de expansão das folhas e duração de vida das folhas. A expressão destes caráteres é definida pela constituição genética, pelas características do ambiente de cultivo, pela temperatura do ar e pela demanda hídrica e nutricional. Compreende desde a emergência, o alongamento, a senescência e a morte das folhas; determinam o fluxo de biomassa do dossel, do índice de área foliar e o número de afilhos por planta. O equilíbrio destas frações resulta em incremento da produtividade e na viabilidade da produção.
MORFOLOGIA E QUALIDADE
Plantas com metabolismo C4 expressam feixes vasculares espessos com maior proporção de carboidratos estruturais como a celulose, a hemicelulose e a lignina quando comparadas com as espécies de metabolismo C3. Constata-se que não somente as características genéticas, nutricionais e hídricas influenciam as propriedades histológicas dos tecidos das plantas, mas também as técnicas de manejo, número e frequência de cortes.
PLASTICIDADE FENOTÍPICA
É definida como sendo as modificações progressivas e reversíveis de caráteres fenotípicos das plantas, de modo que o crescimento e a emissão das folhas são determinados por efeitos genéticos, efeitos do ambiente, manejo e produção animal. Modificações nesta dinâmica caracterizam a aclimatação das plantas ao ambiente através da terminologia plasticidade fenotípica.
DESFOLHA
A extração da área foliar ocorre no período vegetativo. A intensidade de desfolha é dependente do manejo adotado, em contrapartida, a tolerância das plantas à desfolha é determinada pela capacidade que a espécie revela de direcionar os assimilados armazenados nas folhas e estruturas remanescentes e raízes. Maiores intensidades de desfolha podem comprometer drasticamente o número de folhas vivas da planta, o número de afilhos, o tamanho das folhas e a produção.
ÍNDICE DE ÁREA FOLIAR (IAF)
Este caráter determina a eficiência fotossintética das plantas e a taxa de crescimento; expressa um ponto de compensação que representa a máxima eficiência energética e a utilização da radiação incidente, a fixação do carbono, o crescimento e a produção. O índice de área foliar é diferenciado para cada espécie e depende do número de folhas vivas, do tamanho da folha, do hábito de crescimento e da forma das folhas.
É definido pela relação da área foliar da planta com a superfície que as folhas recobrem o solo, sendo determinado pelo potencial da espécie, a eficiência de utilização da radiação solar, a interceptação e a taxa fotossintética, o acúmulo de assimilados e o desenvolvimento das plantas. O platô do IAF é expresso quando as folhas mais velhas senescem devido ao sombreamento das folhas novas. Desta maneira, buscam-se espécies com máximo crescimento, altos IAF e baixo sombreamento. A máxima eficiência da planta ocorre quando esta intercepta 95% da radiação solar incidente sobre o dossel, e as maiores magnitudes inferem na senescência das folhas baixeiras devido ao sombreamento excessivo.
TAXA DE APARECIMENTO DE FOLHAS (TAF)
É definido como o número de folhas ou afilhos emitidos em um determinado dia, descrevendo o fluxo da emissão dos novos tecidos pela planta, amparado pelo tamanho das folhas e pelas densidades de afilhos e folhas. Pode ser compreendido como sinônimo de plastocrono, auxocrono e filocrono, que caracterizam o intervalo de tempo térmico entre o aparecimento de duas folhas consecutivas, constantes, e o ambiente não oscila abruptamente.
A TAF não é afetada pelas desfolhas severas, mas requer uma grande quantidade de assimilados para a reposição de suas estruturas.
TAXA DE EXPANSÃO FOLIAR (TEF)
Determinada pela magnitude de expansão das folhas durante um determinado dia (mm dia-1), este caráter influencia diretamente a produtividade sendo inversamente proporcional ao surgimento de novos afilhos na planta. A taxa de expansão foliar depende de fatores como: número de células produzidas por dia pela planta (divisão celular), alongamento celular, manejo, condições climáticas, nutrientes (nitrogênio), demanda hídrica, características da espécie e constituição genética, idade da planta e da folha, intensidade de desfolha, fertilidade do solo, interação genótipos x ambientes, temperatura do ar e radiação solar.
DURAÇÃO DA VIDA DA FOLHA
Corresponde ao número de folhas vivas contidas na planta, sendo controlada por fatores genéticos e ambientais como a temperatura do ar. Este caráter determina a longevidade da planta, mas quando sombreada, a vida da folha pode ser reduzida, sendo imprescindível ao índice de área foliar por determinar o número máximo de folhas vivas aderidas em um caule, e permite compreender a dinâmica de crescimento. Neste contexto, aferir este caráter é fundamental para o manejo eficiente da espécie, pois indicará a máxima proporção dos tecidos vivos presentes e possibilitará determinar o período e a quantidade de nutrientes (nitrogênio) que devem ser utilizados.
CARBOIDRATOS NÃO ESTRUTURAIS (CNE)
Definidas como as substâncias orgânicas que são sintetizadas, assimiladas e armazenadas pelas plantas. Serão utilizados em momentos oportunos pelas plantas acometidas por estresses, que necessitam rebrotar, florescer ou permanecer em dormência. Caracterizam-se como reservas energéticas utilizadas para a síntese de novas estruturas. Como exemplos, podem ser citados o amido, a glicose, a frutose, a sacarose e a maltose.
Em ambientes de cultivo favoráveis com temperatura e umidade do ar, fertilidade do solo e manejos, não ocorrem acúmulos de carboidratos não estruturais, pois estes são utilizados como fonte energética para as plantas. Ao ocorrer um saldo na síntese de carboidratos não estruturais, estes são acumulados nos tecidos remanescentes, resultando na capacidade de gerar novas estruturas, sendo fontes de energia para a biossíntese dos atributos morfológicos e reprodutivos.
INTERAÇÃO IAF X CNE
Esta interação apresenta-se dependente do índice de área foliar e da eficiência no acúmulo de fotoassimilados na forma de carboidratos não estruturais. Este fato é imprescindível para o crescimento e o desenvolvimento das plantas. Os carboidratos não estruturais promovem o aumento da divisão, o alongamento celular e a manutenção do número de meristemas apicais viáveis por planta após cada desfolha (preservação dos afilhos).
REFERÊNCIAS
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SILVA, J. A. G.; CARVALHO, I. R.; MAGANO, D. A. A cultura da aveia: da semente ao sabor de uma espécie multifuncional. Curitiba, PR: CRV, 2020. v. 1000. 404p.