Neste material você vai entender um pouco mais sobre:
- O que é êxodo rural
- Modernização conservadora
- Os motivos que conduziram fenômeno de êxodo rural
O que é êxodo rural?
No Brasil ocorreu uma constante redução da população rural a partir dos anos 1950, sendo essa redução mais acentuada a partir dos anos 1980. Com o passar dos anos, essa diminuição da população rural se tornou menos intensa, contudo, ainda é presente em diversas regiões brasileiras. Essa redução da população rural ocorreu principalmente devido ao fenômeno de êxodo rural.
Mas o que é êxodo rural?
Podemos definir êxodo rural como o fenômeno de migração de populações humanas do campo para as cidades.
A modernização conservadora da agricultura
Os motivos que conduziram o rural a esse processo de êxodo são diversos. No mundo acadêmico discute-se que o êxodo rural é uma consequência do processo de modernização conservadora da agricultura. O termo “modernização conservadora” é utilizado para indicar o fenômeno de inserção das forças produtivas capitalistas no setor agropecuarista, ou seja, mecanização, industrialização e mercantilização da agricultura. Mas o que isso significa?
Significa, de maneira simplificada, que a modernização da produção agrícola foi em parte responsável por excluir uma parcela da população rural que não conseguiu se modernizar, seja por falta de recursos próprios ou crédito, ou por não conseguir obter renda suficiente para se manter competindo com produtores mais tecnificados do meio rural.
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Alguns motivos que conduziram o êxodo rural:
Geralmente o processo de modernização conservadora é utilizado para ajudar a elucidar o fenômeno do êxodo rural. Contudo, são diversos os fatores que podem influenciam o êxodo rural (Hein e Silva 2019) e que estão relacionados direta ou indiretamente a modernização conservadora. Podemos dizer, de modo mais direto, que o processo de êxodo rural ocorre nas seguintes situações:
a) Herança:
A divisão da terra aos herdeiros torna as parcelas unitárias insuficientes para a obtenção de renda individual via atividade agrícola. Em muitos casos, os herdeiros optam por viver na cidade e arrendar ou vender as suas parcelas de terra para um dos herdeiros que permanecerá no meio rural.
b) Incertezas e crises:
As flutuações dos preços das safras futuras trazem incertezas sobre a possibilidade de obtenção de renda para a atividade agrícola. As perdas de safra por excesso de chuva, seca ou pragas agrícolas podem conduzir a crises financeiras e consequentemente crise na unidade familiar. Nessa situação a unidade familiar pode ser forçada a vender parte do capital para quitar os prejuízos da safra ou buscar renda-extra em outras atividades agrícolas ou não-agrícolas.
c) Pressão demográfica local:
A propriedade familiar e a renda obtida pelo uso e exploração da terra tornam-se ineficientes para manter o crescimento da família. Nesse caso, parte dos membros das famílias buscam oportunidades de emprego em atividades agrícolas fora da unidade de produção familiar ou emprego em atividades não-agrícolas na cidade.
d) Competição desigual e falta de crédito:
Agricultores sem recursos financeiros próprios e sem acesso a crédito não conseguem diversificar as fontes de renda ou investir na modernização da propriedade e da produção. Sem renda e sem incentivos governamentais os agricultores optam por viver da renda obtida a partir do arrendamento da área ou da prestação de serviços a outros agricultores.
e) Redução da necessidade de mão-de-obra familiar:
O processo de modernização conduziu a motomecanização das áreas agrícolas, ou seja, a adoção de máquinas e implementos de tração mecânica que substituiu a força de tração animal ou humana. Esse processo de motomecanização reduziu a necessidade de mão-de-obra familiar, produzindo um excedente de mão-de-obra na unidade familiar rural.
f) Desenvolvimento desigual entre o campo e a cidade:
Por muito tempo o meio rural foi considerado “atrasado” ou “arcaico” em comparação as tecnologias e estilo de vida urbanas. Essa ideia foi defendida pelas mídias e a indústria em crescimento que necessitava de mão-de-obra barata nas cidades. Isso provocou uma sensação de exclusão social e cultural, em especial aos jovens, que preferiam migrar pra cidade e fazer parte do estilo de vida urbano.
f) Maior qualidade de vida no meio urbano:
Por muito tempo, e ainda hoje, vende-se a ideia de que a qualidade de vida nas grandes cidades é superior a qualidade de vida rural. Esse discurso enfatiza a ideia de que shoppings, restaurantes, cinemas, bares, supermercados et cetera existentes nas cidades implicam uma maior felicidade e qualidade de vida. Esse discurso torna-se atrativo em especial aos jovens do campo.
g) Maior liberdade e oportunidade de empregos nas cidades:
Essa ideia também foi fortemente disseminada pela mídia e foi atrativa especialmente aos jovens do meio rural. Estes, por sua vez, foram atraídos pra vida urbana com a promessa de obter independência financeira da unidade familiar além da possibilidade de escolher outra profissão que não sejam ligadas as atividades agrícolas.
Em geral, os argumentos supracitados podem ser considerados as principais causas que conduziram o processo de êxodo rural. Muitos desses fatores foram ligados diretamente a dinâmica econômica e social da unidade familiar. Contudo, outros fatores, como culturais, também influenciaram no processo de êxodo rural e atração dessa população aos centros urbanos.
A partir desse fenômeno de êxodo rural algumas questões podem ser levantadas:
Quais as consequências desse processo?
Qual categoria da agricultura é mais afetada, familiar ou patronal?
Qual a principal faixa etária ou sexo afetado pelo êxodo rural?
Qual o futuro do campo e da agricultura familiar?
Essas questões serão abordadas nos próximos conteúdos.
2 respostas
Prestar mais atenção na agricultura e pecuária.
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