Compreenda o conceito de ecologia e ecossistema aplicado aos sistemas pastoris
Neste material, você vai conhecer um pouco mais sobre:
- Ecologia e ecossistema das pastagens
- Ecossistema pastoril do Pantanal, do Semiárido e da Região Sul
- Princípio do sistema pastoril
O cenário agrícola e agropecuário encaixa-se em um amplo sistema biológico que compreende as relações entre as plantas e a comunidade de seres vivos que ali habitam. Apresenta-se dependente da interação entre plantas forrageiras x animais x solo x clima, onde se evidenciam inter-relações dinâmicas que determinam as características intrínsecas do clima, do meio ambiente, das espécies vegetais de interesse, dos animais herbívoros e dos organismos decompositores.
Este cenário apresenta-se subdividido em níveis tróficos direcionados à alimentação dos seres produtores – como os bovinos – através das plantas clorofiladas – que realizam a fotossíntese. Nele os herbívoros atuam como consumidores de primeira e segunda ordem. Em um contexto microscópio, temos os decompositores responsáveis pela ciclagem de nutrientes e pela manutenção da microbiota do solo. Em pastagens, a cobertura vegetal determina a biodiversidade e a estabilidade do ecossistema. Desta forma, animais herbívoros beneficiam-se deste sistema ecológico.
ECOLOGIA E ECOSSISTEMA
Estes termos são oriundos do grego Oikos e Logos, sendo definido como a origem e o estudo, refletindo os estudos biológicos que buscam explicar as relações mutualísticas entre os seres vivos e o ambiente, onde determinam as relações entre animais herbívoros x plantas forrageiras x ambiente de cultivo.
Isto forma um complexo biológico ou ecossistema no qual a ecologia torna-se importante tanto para as espécies forrageiras nativas como às cultivadas, pois estas espécies podem ser manipuladas por meio de técnicas e manejos que modificam sua dinâmica natural no ambiente, seja favorável ou desfavorável aos animais herbívoros.
O ecossistema é caracterizado por aqueles seres vivos e fatores bióticos que estão vinculados ao habitat. Este, por sua vez, pode ser considerado dinâmico e autossuficiente, pois transforma diversas formas de energia em biomassa através da fotossíntese, que compreende um determinado fluxo de energia responsável pela produção de alimentos. Portanto, considera-se a pastagem um ecossistema que permite integrar a fração viva e não viva do sistema biológico, que é formado por, matéria orgânica, nutrientes, minerais, gases atmosféricos e fluxos energéticos.
O ecossistema compreende a fração biótica formada por seres produtores (plantas forrageiras), consumidores (animais herbívoros), decompositores (microrganismos) e manipuladores (seres humanos), em contrapartida, a parte abiótica consiste em material geológico, topografia do ambiente de cultivo, fogo, clima e o solo que pode ser considerado em ambas as frações.
Em um ecossistema há um equilíbrio dinâmico entre os fenômenos denominados de balanço ou ciclo da vida. Diante disto, assume-se que alguns dos organismos podem equilibrar-se mesmo na presença de predadores, doenças, necessidades físicas, temperatura e umidade específica, habilidade reprodutiva, para então denominar-se de equilíbrio de clímax.
ECOSSISTEMA PASTORIL
Caracterizado como a associação entre as plantas forrageiras, os animais herbívoros, a microflora, a microfauna e a fauna silvestre, onde podem se relacionar com o ambiente químico e físico no qual estão inseridos; sendo fundamental ao domínio das práticas de manejo a integração clima x solo x planta x animal. Neste contexto, o manejo corresponde às operações realizadas com o intuito de melhorar o desempenho das pastagens, animais e extrair o alimento necessário para seu crescimento e desenvolvimento.
O sistema deve ser sustentável e possibilitar suprir as necessidades quantitativas e qualitativas de forragem aos animais, minimizar os custos de produção, maximizar a lucratividade e a eficiência deste sistema.
Portanto, é necessário compreender a morfogênese da espécie forrageira, a ecofisiologia da planta e do animal, a oferta de nutrientes no solo e a exigência destes pelos animais. É preciso que o executor compreenda os princípios do ambiente de crescimento da espécie forrageira, o quanto da forragem é produzida e consumida pelos animais, a magnitude de alimento que é consumido pelo animal e pode ser verdadeiramente convertido em produto final (carne, leite, entre outros), quais impactos a desfolha causa sobre o crescimento e desenvolvimento, o índice de área foliar (IAF), a taxa fotossintética, o sistema radicular, a absorção de água e de nutrientes pelas plantas.
ECOSSISTEMA PASTORIL BRASILEIRO
O Ecossistema Pantanal engloba as regiões Centro-Oeste e Norte, e pode expressar precipitação anual de até 1.100 mm nas estações das chuvas (outubro a março) e seca (abril a setembro). Seu clima caracteriza-se por ser tropical úmido, com temperatura média de 26 ºC, e com incidência de geadas esporádicas; as espécies forrageiras comumente empregadas são do gênero Brachiaria sp, Panicum sp., Cynodon sp e Digitaria sp.
O Ecossistema Subtrópico Brasileiro reúne os estados da Região Sul, onde predominam as espécies nativas, e a Região Sudeste. Neste ecossistema, o clima temperado e subtropical possibilita o crescimento de mais de 200 espécies de leguminosas forrageiras e 800 espécies de gramíneas forrageiras, com peculiaridades quanto aos seus mecanismos metabólicos C4 (estivais) e C3 (hibernais).
O Ecossistema do Semiárido agrega os estados da Região Nordeste e caracteriza-se como clima tropical seco, com precipitações oscilando de 500 a 800 mm ao ano. A vegetação denomina-se de caatinga, com espécies cultivadas como palma forrageira, feijão bravo, jirirana e marmeleira.
PRINCÍPIOS DO ECOSSISTEMA PASTORIL
O ecossistema pastoril é composto por fatores não manejáveis, como a radiação solar incidente, a temperatura do ar, o relevo e a latitude; em contrapartida, existem modificações que podem ser procedidas pelo pecuarista (antrópicas), tais como, as técnicas empregadas no manejo do solo e a disponibilidade hídrica para as plantas.
Desta forma, o sistema pastoril depende dos animais herbívoros para regular o seu equilíbrio. Assim, define-se o pastejo como o termo dado a ação dos animais herbívoros quando estes se alimentam das plantas e obtêm a energia e os nutrientes necessários para seu crescimento e desenvolvimento. Entretanto, o pastoreio caracteriza-se por ser o ato de regular o pastejo dos animais por ações antrópicas com a finalidade de incrementar a produtividade da forrageira e do animal, maximizando as fontes energéticas abióticas do ecossistema.
Esta dinâmica é baseada no fluxo de energia determinado pela radiação solar incidente sobre o dossel das plantas e a capacidade desta em interceptar a energia através da superfície fotossintética das plantas (IAF). Posteriormente, os mecanismos metabólicos transformarão a energia luminosa em química, fixando esqueletos de carbono e reservas para o crescimento e desenvolvimento das plantas forrageiras. Em contrapartida, o funcionamento eficiente desta maquinária necessita da disponibilidade adequada de nutrientes e água.
Nestas condições o pastejo ou a desfolha podem minimizar a superfície fotossintética da planta forrageira, alterando sua constituição morfológica, arquitetura e fisiologia, assim, a longevidade das plantas na pastagem depende da plasticidade fenotípica para que estas aclimatem-se às diferentes situações e à oferta de nutrientes no solo, de modo que, além de possuir uma pastagem longeva, ainda exista a disponibilidade de nutrientes e minerais aos animais, trazendo benefícios à forragem produzida.
REFERÊNCIAS
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