Este é um artigo que trata do comportamento de cultivares de soja em relação ao arranjo de plantas (espaçamento), seus efeitos sobre integrados sobre o desenvolvimento de doenças na, e, como cultivares associadas a diferentes espaçamentos entre linhas podem dificultar ou facilitar a penetração de fungicidas no dossel da cultura e assim influenciar o desempenho do manejo químico.
A ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi Syd. & P. Syd.) tem sido o principal problema de ordem fitossanitária da cultura da soja nas últimas safras. O principal dano ocasionado por essa doença é a desfolha precoce, que impede a completa formação e enchimento dos legumes e, em consequência, diminui o número e peso final dos grãos.
A utilização de variedades precoces, redução do período destinado à semeadura e utilização de cultivares com algum nível de resistência são estratégias importantes no manejo da doença.
Para Juliatti et al. (2005), o manejo correto da doença passa pelas estratégias de redução da dispersão de inóculo, uso da resistência parcial, fungicidas de maior eficácia e tecnologia de aplicação adequada aos sistemas de produção.
Mesmo com a utilização de todas essas estratégias, Santos et al. (2007) afirmam que a ferrugem asiática tem seu controle baseado principalmente no uso de fungicidas.
O sucesso do controle químico da ferrugem asiática
O sucesso do controle químico da ferrugem asiática depende da tecnologia de aplicação empregada. Nas aplicações realizadas atualmente, a quantidade de princípio ativo que realmente atinge o alvo é muito menor do que a aplicada (Chaim et al., 1999).
Nesse sentido, o transporte do ingrediente ativo para o interior do dossel é condição básica para o controle eficaz de pragas e doenças e, à medida que o ciclo da cultura avança atingir as camadas inferiores do dossel torna-se um desafio cada vez maior.
Dessa forma, a penetração de gotas no dossel da cultura é aspecto fundamental, especialmente para doenças que iniciam a patogênese nas folhas baixeiras, como é o caso de Phakopsora pachyrhizi (Raetano, 2007).
A qualidade da cobertura e a redução das perdas por deriva e evaporação também influenciam diretamente na eficácia biológica dos fungicidas (Ozeki & Kunz, 1998).
Seleção de pontas
A seleção das pontas de pulverização é uma das formas de obter maior cobertura e deposição do ingrediente ativo sobre o alvo biológico.
Segundo Christofoletti (1999), para obter boa eficácia no controle de doenças necessita-se de cobertura de 30 a 40 gotas cm2 para fungicidas sistêmicos e entre 50 e 70 gotas cm2 para fungicidas protetores.Trabalhando com volumes de calda de 120 e 160 L ha-1 , Ugalde (2005) observou uma cobertura de gotas mínima eficiente para fungicidas sistêmicos e protetores de 45 e 60 gotas cm-2 , respectivamente.
Com um mesmo volume de calda, a quantidade de gotas produzidas na pulverização é inversamente proporcional ao diâmetro das mesmas, sendo definido pela ponta de pulverização e pressão de trabalho utilizada. Esses dois fatores afetam a cobertura do dossel vegetal com fungicida e o potencial de deriva da gota.
Assim, as pontas de pulverização são componentes fundamentais em um pulverizador, estando estreitamente relacionadas com a vazão, tamanho e distribuição das gotas produzidas, pressão de trabalho e velocidade de aplicação.
Além disso, a escolha da ponta de pulverização permite adequar o tamanho das gotas produzidas às condições de aplicação, garantindo ao mesmo tempo eficácia biológica e segurança ambiental (Cunha et al., 2003).
As pontas de jato cônico foram amplamente utilizadas por proporcionarem a formação de gotas menores e de maior potencial de penetração.
Entretanto, a partir do surgimento das pontas de jato plano, esse conceito começou a ser alterado, visto que apresentam uniformidade de distribuição e cobertura dos diferentes estratos da planta (Balardin, 2002). De forma geral, gotas grandes são menos suscetíveis a deriva, porém podem comprometer a cobertura do alvo.
Por outro lado, gotas pequenas são facilmente transportadas pelo vento, no entanto, propiciam maior cobertura do alvo, condição essa desejada especialmente quando se trata de fungicidas protetores (Cunha et al., 2006). Walklate (1992) e Cross et al. (2001) afirmam que gotas de pequeno diâmetro são extremamente eficazes no controle de doenças.
Efeito das cultivares
Além das características inerentes ao espectro das gotas produzidas, o sucesso de uma ponta de pulverização em atingir as camadas inferiores do dossel vegetal depende também das características de arquitetura da cultivar em questão.
Para Garcia et al. (2000), há redução da contaminação ambiental, economia dos recursos monetários e de tempo, redução da pressão de seleção e menor desgaste de máquinas e implementos agrícolas, quando o volume de calda é calculado em função do índice de área foliar (IAF).
Cultivares que possuem maior IAF e mais ramificações laterais possibilitam fechamento das entre linhas mais rápido, dificultando assim a passagem das gotas para as camadas inferiores do dossel.
Ozkan et al., (2006) relataram que com um IAF de 6,4 a maioria das gotas produzidas ficaram retidas nas folhas do topo do dossel. Essa condição favorece a proliferação da doença nas folhas baixeiras, que além de estarem quimicamente desprotegidas, geralmente possuem microclima mais propício para o desenvolvimento da doença.
Diversos trabalhos na literatura têm avaliado a eficiência de diferentes pontas de pulverização, pressão de trabalho e volume de calda para o controle de Phakopsora pachyrhizi (Cunha et al., 2006; Cunha et al. 2008; Viana et al. 2008), porém, considerar a variação existente entre cultivares.
Há necessidade de se atentar para a eficiência diferenciada de pontas de pulverização em colocar o fungicida nas camadas inferiores do dossel vegetal, considerando variações de arquitetura entre cultivares.
Se você quiser conhecer as diferentes respostas de cultivares de soja às doenças, acesse nosso Catálogo de cultivares.