Síndrome da haste verde em soja
A síndrome da haste verde ocorre quando as plantas de soja mantêm as hastes verdes após a maturação das vagens, podendo as folhas e pecíolos também permanecerem verdes. A ocorrência desse sintoma no campo parece sofrer influência varietal, podendo ocorrer em plantas aleatórias na área, em reboleiras ou ainda em grandes áreas de maneira uniforme.
Quando a ocorrência se dá em grandes áreas, a colheita pode ser dificultada por implicar em maior trabalho de corte e trilha pela colheitadeira.
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Mecanismo fisiológico
A causa exata dessa síndrome na soja ainda não é bem clara e algo totalmente entendido. Alguns pesquisadores da Universidade de Kentucky (EUA) estudaram esse sintoma com base na remoção de legumes das plantas durante os estágios de enchimento de grãos.
Os resultados evidenciaram que a remoção de legumes aumentou consistentemente os níveis de açúcares solúveis, amido e nitrogênio nas hastes durante o período de maturação (Egli & Bruening, 2006).
Assim, o sintoma de haste verde foi associado a retenção de maior quantidade de carboidratos e nitrogênio nas hastes que não foram translocados. Quanto mais legumes foram retirados, mais pronunciado foram os sintomas.
Em outro estudo no Japão, os autores removeram 50% de legumes das plantas durante a fase final de enchimento de grãos. Os resultados demonstraram que mais fotossintatos foram mantidos nas hastes e raízes das plantas com legumes removidos, o que pode ter implicado no retardamento da senescência (Shimada et al., 2005).
Além disso, as plantas com retirada de legumes mantiveram uma maior capacidade de absorção de água e assim mantiveram maior umidade do caule durante a maturação. Acredita-se dessa forma que esses sintomas estejam atrelados a um reduzido número de legumes na planta durante a fase de enchimento de grãos em relação a quantidade de fotoassimilados produzidos.
Prováveis causas das hastes verdes
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Diversos fatores os quais podem induzir estresses na planta que possam implicar na redução da quantidade de legumes por plantas poderá ser uma causa pertinente para o problema. Dentre estes fatores, os principais que têm sido fortemente relacionados são:
(i) Doenças virais: vários vírus têm sido descritos causando doenças em soja. Essa é uma provável causa para sintomas de haste verde. A ocorrência de viroses tem aumentado nos últimos anos, assim como a síndrome da haste verde. Plantas com viroses podem apresentar legumes subdesenvolvidos e mau formados.
(ii) Insetos-praga: muitas pragas como percevejos, tripés e ácaros podem contribuir para os sintomas de haste verde. O ataque de percevejos, por exemplo, é amplamente conhecido por induzir retenção foliar e haste verde na soja. Isso se dá ao fato dessas pragas poderem induzir a queda de legumes, má formação de grãos e redução do rendimento.
(iii) Fatores ambientais: alguns estresses ambientais têm sido relacionados ao sintoma de haste verde. A ocorrência de seca ou excesso de água, baixas temperaturas, excesso de chuvas na fase de enchimento de grãos, deficiência de potássio, são alguns deles. No entanto, dependerá do estágio, da duração e gravidade do estresse sobre as plantas.
Aplicação de fungicidas
Alguns relatos na literatura descrevem também influência de alguns fungicidas sobre a manutenção da haste verde em soja. Esse efeito é relatado principalmente para estrobilurinas e carboxamidas e mais recentemente para mancozebe em função desses fungicidas induzirem efeitos fisiológicos nas plantas.
Uma das alterações seria a redução na síntese de etileno nas plantas e aumento nas taxas fotossintéticas o que poderia implicar no aumento de fotoassimilados produzidos e atraso da senescência (Grossmann e Retzlaff, 1997; Bryson et al., 2000; Fagan et al., 2010).
O que possível de ser feito e o que não fazer?
A princípio o que é mais plausível de ser feito é o eficiente controle de pragas, inclusive aquelas potencialmente transmissoras de viroses.
Ajustar épocas de semeadura e ciclo de cultivares para reduzir os efeitos de estiagens ou excesso de chuvas na fase de enchimento de grãos. O que não deve ser feito é atrasar a colheita na espera das hastes secarem, pois, esses atrasos poderiam implicar em perdas de produtividade.
Importante de ressaltar que mais estudos são necessários para entender como esses fatores externos ou a associação deles contribuem para ocorrência dos sintomas de haste verde a fim de permitir pensar em estratégias mais pontuais para gerir o problema.
Literatura consultada:
Egli DB & Bruening WP. Depodding causes green-stem syndrome in soybean. Online. Crop Management, p.1-9, 2006. doi:10.1094/CM-2006-0104-01-RS.
Shimado S, Oya T, Nakamura T, Hattori M, Nakayama N, Shimamura S, Yamamoto R, Kim Y. The occurrence of green stem syndrome with different varieties, planting date and depodding treatments in soybeans. 2005. Online poster presentation: http://a-c-s.confex.com/crops/responses/2005am/824.pdf
Fagan EB, Dourado Neto D, Vivian R, Franco RB, Yeda MP, Massignam LF, Oliveira RF, Martins KV. Efeito da aplicação de piraclostrobina na taxa fotossintética, respiração, atividade da enzima nitrato redutase e produtividade de grãos de soja. Bragantia, v.69, n.4, p. 771-777, 2010.
Grossmann K, Retzlaff G. Bioregulatory effects of the fungicidal strobilurin kresoxim methyl in wheat (Triticum aestivum L.). Pesticide Science, v.50, p.11-20, 1997.
Bryson RJ, Leandro L, Jones DR. The physiological effects of kresoxim-methyl on wheat leaf greenness and the implication for crop yield. In: Proceedings of the righton Crop Protection Conference – Pests and Diseases, 2000, Farnham. Proceedings… Farnham: British Crop Protection Council, 2000. p.739-747.