Diversas culturas de cobertura são utilizadas no período de entressafra das culturas de verão. A exemplo, culturas como o milheto, nabo forrageiro e aveia são utilizadas em cerca de 8 milhões de hectares anualmente cultivados sob SPD para formar palhada.
A função das culturas de cobertura são muitas, desde melhorias químicas, físicas e biológicas do solo, passando por questões conservacionistas, até o manejo de plantas daninhas, pragas e doenças. O manejo de fitonematoides é um bom exemplo de problema fitossanitário o qual sofre significativa influência das plantas de cobertura.
A escolha da planta de cobertura deve ser feita de acordo com cada sistema de produção, considerando alguns critérios que possibilitam otimizar recursos e potencializar os resultados com a inclusão destas espécies. Um destes pontos é observar a necessidade da cultura principal, se ela demanda mais nitrogênio, por exemplo, a melhor escolha está entre as espécies fixadoras de nitrogênio, as leguminosas, como a ervilhaca, o feijão de porco e a crotalária. Conhecer as características da planta também é importante, pois auxilia no alinhamento das necessidades da cultura e das condições da lavoura, como época de semeadura, exigência de clima, velocidade de crescimento e produção de matéria seca. Fatores fundamentais a serem considerados e avaliados quanto à realidade local da propriedade, como clima, fertilidade, ocorrência de pragas, nematoides, sistema de produção e outros pontos, além dos objetivos do produtor quanto à adoção desta prática, para que bons resultados sejam alcançados.
Das diversas espécies de plantas de cobertura, muitas podem hospedar os nematoides e favorecer a sua multiplicação e muitas são não hospedeiras e podem contribuir para redução populacional desses vermes. No entanto, isso varia conforme a espécie de nematoide presente, pois, pegando como exemplo a aveia branca, ela pode reduzir a população de Heterodera glycines e Rotylenchulus reniformis, mas, por outro lado, pode favorecer o aumento populacional de espécies de Meloidogyne spp.
Algumas espécies de nematoides, como o nematoide de cisto (H. glycines) e o nematoide reniforme (R. reniformis), possuem maior opções de culturas não-hospedeiras e podem ser mais facilmente manejados com essa estratégia. Porém, para espécies de nematoides de galhas (Meloidogyne spp.) e nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus), o número de culturas não-hospedeiras se torna mais restrito, exigindo maior planejamento.
Fique atento!
Condições do ambiente afetam acentuadamente o desenvolvimento de nematoides, podendo alterar a dinâmica dos nematoides sobre as plantas de cobertura. A exemplo, é possível entender a razão de áreas cultivadas com aveia preta no Sul do país não terem apresentado aumentos populacionais de M. javanica, mesmo sendo uma cultura hospedeira. A condição ideal para M. javanica é solos com menos de 10% de argila e temperatura na faixa de 28 a 31°C. Temperaturas na faixa de 15 a 20°C e solos com mais de 30% de argila reduziram drasticamente a taxa de reprodução do nematoide, ao passo que temperaturas abaixo de 10°C poderão promover redução populacional.
Abaixo é apresentado a relação de algumas plantas de cobertura com as principais espécies de nematoides.
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Referências:
Epagri. Como escolher as plantas de cobertura: confira dicas da Epagri. Post de 16 de set. 2020. Disponível em: https://www.epagri.sc.gov.br/index.php/2020/09/16/como-escolher-as-plantas-de-cobertura-confira-dicas-da-epagri/. Acesso em 17 mai. 2021.