A compactação é um tipo de degradação do solo que passou a ganhar destaque em função da intensificação da mecanização na década de 90 e se caracteriza basicamente pelo aumento da densidade do solo. Atualmente, é comum observar nos solos manejados sob sistema plantio direto, sobretudo nos argilosos, a presença de uma camada compactada situada geralmente entre 7 com e 15 cm de profundidade.
A compactação subsuperficial pode limitar o crescimento do sistema radicular e, em muitos casos, pode afetar a produtividade das culturas agrícolas, principalmente em situações de déficit hídrico. Diversos estudos reportam que solos com densidade superior a 1,30 Mg ha-1 apresentam limitações ao crescimento e desenvolvimento das raízes de várias culturas agrícolas. Além disso, a compactação afeta a infiltração de água no interior do solo, reduzindo a disponibilidade de água para as plantas e auxiliando no escoamento superficial da água.
A determinação da resistência à penetração (RP) é muito utilizada para estimar o grau de compactação de um solo à campo. Na literatura, diversos trabalhos reportam que valores de RP superiores a 2,0 MPa são limitantes ao aprofundamento radicular das culturas agrícolas. No entanto, este limite é discutível, pois varia com a umidade e o tipo de solo, espécies cultivadas e até mesmo entre cultivares.
O conteúdo de água no solo durante o tráfego de máquinas e implementos agrícolas é o parâmetro mais utilizado para avaliar os riscos de compactação, pois solos úmidos são mais suscetíveis à compactação, enquanto que solos secos tendem a apresentar maior resistência à esta degradação. Desta forma, o monitoramento da umidade do solo no momento das operações agrícolas é imprescindível para reduzir os impactos destas na estrutura do solo.
Consistência do solo e friabilidade
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Em geral, a consistência do solo ideal para reduzir a compactação durante o tráfego de máquinas agrícolas é a friável. Na prática, o teste de friabilidade pode ser realizado através da ruptura de um fragmento de solo úmido entre os dedos indicador e polegar. Diz-se que o solo está friável quando a ruptura ocorre com a aplicação de uma fraca pressão e que o solo está firme quando a pressão necessária para causar a desagregação é forte.
Existem diferentes estratégias de atenuação da compactação do solo. O uso de plantas de cobertura na rotação de culturas é o mais recomendado, pois além do efeito físico, auxilia na ciclagem de nutrientes e no incremento de matéria orgânica no solo. O uso do tráfego controlado também é ferramenta importante neste sentido, pois consiste na criação de vias exclusivas de tráfego na lavoura através do ajuste de bitolas das máquinas agrícolas, o que reduz a área compactada pela passagem dos rodados.
Estratégias mecânicas de descompactação do solo
Em alguns casos mais graves, o uso de estratégias mecânicas de descompactação do solo são necessárias, tais como a escarificação e a subsolagem. Geralmente, estas operações apresentam elevada eficiência, no entanto, quando utilizadas de forma isolada, ou seja, sem a combinação com outras estratégias de manejo, como a rotação de culturas, possuem efeitos geralmente temporários no solo, os quais podem ser observados por períodos inferiores a uma safra agrícola, como o observado por Drescher et al. (2016).
Referências
DRESCHER, M. S. et al. Duração das alterações em propriedades físico-hídricas de Latossolo argiloso decorrentes da escarificação mecânica. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 51, n.2, p. 159–168, 2016.