Soja: o monocultivo e os patógenos
O monocultivo de soja é uma tradição na agricultura. A maior rentabilidade da oleaginosa, frente aos baixos preços dos outros grãos, obriga o produtor a semear esse mesmo hospedeiro todo ano.
Com isso, o aumento de doenças causadoras de manchas foliares cresce significativamente, associado com o risco de ferrugem. A manutenção de patógenos pela monocultura e o conhecimento de que a ferrugem já vem causando prejuízos na Bolívia e no Paraguai mantém a necessidade de aplicações de fungicidas na soja brasileira.
Previsão de menor disponibilidade hídrica: o que afetará?
No entanto, algumas previsões de baixa frequência de chuvas nestes primeiros meses poderão direcionar a um erro de entendimento técnico da situação.
Quando essa informação é vinculada na mídia, geralmente o produtor deixa de fazer sua aplicação no momento correto, por acreditar que no período seco a doença não estará presente.
A menor disponibilidade hídrica afeta diretamente a dispersão do patógeno, porém, não tem a capacidade de eliminá-lo.
Dessa forma, infecções iniciadas sob estresse hídrico dificilmente conseguem ser controladas no retorno das chuvas. Isso porque com a volta da umidade, o grande volume de esporos é maturado e disperso, ficando apto a novas infecções. Além disso, a entrada na lavoura para refazer as aplicações é dificultada.
Existe risco de fito?
Por outro lado, há o receio de que essas aplicações possam causar fitotoxidades. A fitotoxidade é uma resposta da planta a um estresse combinado, no qual o produto responde por apenas uma pequena parte do efeito.
É preciso observar, ainda, o estádio da planta, a água disponível e a tecnologia de aplicação, por isso, o tema é tão complexo.
Plantas em estádios reprodutivos passando por períodos de estresse hídrico, com aplicações realizadas nos horários mais quentes e secos do dia tornarão a expressão da fitotoxidade inevitável.
Em contrapartida, deixar a aplicação para depois tornará a epidemia incontrolável.
Por isso, se o produtor enfrentar esta situação, é preciso reposicionar sua aplicação, trabalhando com períodos amenos mais longos, como a noite. Aplicações noturnas reduzem significativamente o risco de fitotoxidade, por tornar a penetração do produto mais lenta.
Vale destacar que nas aplicações noturnas devem ser evitados o momento do final da madrugada (nictinastia) ou de chuva na manhã seguinte.
A associação deste fungicida com mancozebe auxilia ainda mais na redução do estresse oxidativo da planta, tornando a fitotoxidade praticamente imperceptível.