Técnicas no preparo do solo e circuito de colheita
Neste material você vai conhecer um pouco mais sobre:
- A importância do correto preparo de solo e os desafios enfrentados;
- Circuitos de colheita;
- Como implementar esta técnica.
Na cultura do arroz irrigado, definir quais serão os circuitos de colheita e realizar o preparo econômico do solo, são decisões muito importantes visando maximizar os lucros sem a necessidade de maiores investimentos.
Preparo de solo para cultivo do arroz irrigado
Em lavouras com desníveis superficiais, o cultivo do arroz irrigado pede um preparo de solo intenso para deixar a superfície cultivada o mais plana possível. Esta prática é um trabalho detalhado e minucioso, realizado por meio de diversos implementos, sendo crítica para a obtenção de uma lâmina de irrigação uniforme.
O início deste trabalho se dá pelo uso de grades pesadas que revolvem o solo, corrigindo os desníveis deixados pelo cultivo passado, como taipas e rastros das colhedoras e tratores. Em seguida, se utilizam grades niveladoras mais leves com o objetivo de destorroar as leivas de solo deixado pelo primeiro implemento e facilitando a operação das plainas. Estas são usadas para a correção do microrrelevo, carregando o solo das ondulações para as depressões, deixando a superfície plana.
Para a marcação das curvas de nível para a construção de taipas, se faz uso de aparelhos a laser ou com equipamentos de posicionamento global (GPS) e piloto automático.
Um trabalho que não é fácil
O preparo de solo pode parecer uma atividade simples, porém a campo, colocar em prática as operações citadas anteriormente não é fácil. As dificuldades vão desde planejamento da época em que o preparo de solo será feito, o clima, a integração lavoura-pecuária adotada em algumas propriedades, custos operacionais que são elevados, até a busca por mão-de-obra qualificada para realizar a operação.
Neste cenário, produzir arroz de forma sustentável, vem sendo um desafio para o produtor. Entretanto, há diversas técnicas e operações que podem ser empregadas buscando reduzir os custos de produção da lavoura arrozeira. Duas destas são a escolha do circuito de tráfego e o local de descarga das colhedoras, que são medidas aplicadas com facilidade em qualquer propriedade visando a redução dos custos operacionais e o tempo gasto no preparo de solo.
Circuitos de colheita
<
O circuito mais adotado é o “circular de fora para dentro” (Figura 1), que é contínuo, de forma que a colhedora percorre sempre o perímetro da lavoura até chegar ao centro da área, encerrando a operação. A vantagem deste método é a maior eficiência operacional da colhedora em função das poucas manobras de cabeceira, reduzindo o tempo da operação, porém com as descargas de grãos sendo realizadas durante a operação de colheita.
Com a descarga sendo realizada desta forma, é comum que os tratores que levam os tanques graneleiros sigam a colhedora, pois não sabem o momento exato da descarga. Assim, temos maior desgaste dos equipamentos e consumo de combustível, além dos inúmeros e grandes rastros que permanecem e que muitas vezes seguem o sentido declive-aclive da área, deixando um rastro que se torna um canal de fluxo preferencial de escoamento da água da chuva, favorecendo processos erosivos.
A formação destes rastros somados à erosão, dificultam ainda mais o preparo de solo desta lavoura para o próximo cultivo, já que algumas áreas necessitam de aterro para cobrir estas erosões, aumentando a mão-de-obra necessária, o número de operações e o custo do preparo de solo.
Neste cenário, o uso do circuito “vai e vem” (Figura 2) que é alternado e o planejamento da descarga dos grãos, são uma alternativa vantajosa. Neste sistema, se define um ponto que seja fixo para as descargas, realizadas nas extremidades dos talhões, próximo a estradas, cercas ou canais de irrigação. Assim, o trânsito de tratores no meio da lavoura é reduzido, o que consequentemente reduz os problemas com rastros e erosão do solo.
O que é preciso para realizar este circuito?
Para adotar este procedimento, é preciso conhecer o percurso que será feito pela colhedora para encher seu reservatório de grãos. Esta distância é inversamente proporcional à produtividade da cultura e ao aproveitamento da largura de corte da plataforma, podendo sofrer variações ao longo do talhão.
Tendo esta informação e usando ferramentas de mapeamento simples, como o software Google Earth, é possível avaliar as possibilidades de circuito de colheita e escolher o melhor.
Quando o talhão a ser colhido for grande, é possível descarregar os grãos em cada extremidade, já em talhões menores, é possível que a colhedora se desloque até a outra extremidade e volte, esvaziando seu reservatório no mesmo local de partida.
A desvantagem do circuito está na redução da capacidade operacional da colhedora, já que a descarga é realizada com a máquina parada, porém, os benefícios são expressivos, pois se reduz a degradação do solo.
Quando a colheita for realizada com solo pouco úmido ou seco, que pode ser feito pelo encerramento da irrigação quando o arroz chegar ao ponto de maturação fisiológica, o tráfego das máquinas resultará em poucos danos ao solo, já que menos rastros serão formados. O que leva a menos operações de preparo de solo, onde muitas vezes a primeira e segunda operação podem ser descartadas, necessitando apenas de retoques nas taipas.
Após este processo, a área é dessecada e se pode realizar a semeadura direta sobre a palha, o que permite incrementar a matéria orgânica do solo, contribuindo ainda para a redução da amplitude térmica, a ciclagem de nutrientes, a melhoria na estrutura, na infiltração e no armazenamento de água pelo solo. E também se reduz o problema do arroz vermelho, com a ausência do revolvimento do banco de sementes de plantas daninhas no solo.
Entretanto, se a área estiver alagada durante a colheita, o dano sobre as taipas será maior, porém, como o uso do circuito de colheita, não haverá danos causados pelo tráfego dos tratores na lavoura. E mesmo que seja preciso refazer as taipas, ainda será possível a adoção do sistema de cultivo mínimo, realizando apenas uma gradagem leve e o entaipamento, utilizando o mesmo nível das taipas do cultivo anterior.
Detalhes que fazem a diferença
Considerando os altos custos de produção da lavoura de arroz irrigado, temos à disposição diversas técnicas de preparo de solo, manejo de irrigação e planejamento de colheita que podem ser adotadas pelos produtores sem efetivamente gastar mais, porém, que resultam em lucros maiores.
Esse artigo foi originalmente publicado na Revista do Grupo Cultivar