O impacto da pandemia do COVID 19 no setor de flores de corte
O cultivo de flores e plantas ornamentais exerce um papel importante na geração de renda e de emprego no país. Setor promissor dentro do agronegócio e que está em constante ascensão, a floricultura vem crescendo em média 11% a cada ano, considerando a série de dados do Instituto Brasileiro de Floricultura (IBRAFLOR) para os anos de 2012 a 2019.
A consolidação da floricultura brasileira nos últimos anos permitiu bons índices de desenvolvimento, mesmo em situações de instabilidade econômica. A cadeia produtora de flores sempre foi conhecida e considerada organizada e com um fluxo de abastecimento estruturado, pois mesmo com os principais produtores de flores estando concentrados no estado de São Paulo, estes conseguem fornecer produtos da floricultura para todas as capitais e demais polos importantes de comercialização (ALONSO; SILVA, 2010).
Para o ano de 2019, a cadeia produtiva de flores chegou ao incremento de 7% com movimentação de 8,7 bilhões de reais e consumo per capita de R$ 42,00 (IBRAFLOR, 2020). Já em 2020, a pandemia mundial causada pelo Covid 19 trouxe impactos profundos na floricultura brasileira, devido ao cancelamento em massa dos eventos e ao distanciamento social, instalando uma forte crise em todo o setor de plantas ornamentais (flores de corte, flores de vaso, plantas verdes e mudas para paisagismo e jardinagem).
Neste cenário, destaca-se, negativamente, as flores de corte, que apresentam perdas acumuladas de 40%, pois estas são mais usadas na decoração dos eventos, os quais ainda estão proibidos devido ao isolamento social. Apenas para o produtor, estima-se um prejuízo de cerca de R$ 75 milhões (IBRAFLOR, 2021).
Conforme a situação foi avançando, e as medidas de segurança foram sendo estabelecidas, o setor foi se recuperando, e 2020 finalizou com um crescimento inesperado e surpreendente no Brasil. Com mais pessoas em casa, cuidando não apenas de seus jardins, mas do próprio bem-estar, este crescimento foi garantido pelas plantas ornamentais, pela jardinagem e pelas flores em vaso. Desta forma, as plantas ornamentais desempenharam e protagonizaram papel fundamental na saúde física e mental das pessoas.
Porém, o setor de flores de corte, que corresponde a aproximadamente 25% do mercado de plantas ornamentais, não conseguiu a desejada recuperação em 2020 em função do consumo de flores no país ser bastante concentrado em datas comemorativas e ornamentação de eventos (arranjos florais e buquês), festas e celebrações.
Diante disso, a consequência foi a desaceleração no cultivo de flores de corte em grandes centros de produção como Holambra, abrindo grandes oportunidades para a produção local de agricultores familiares.
A pandemia vem modificando os hábitos de consumo das pessoas, inclusive na forma de decoração de interiores, ou seja, utilizando flores de corte de forma mais continuada ao longo do ano. Há uma expectativa e aposta de que esta demanda por plantas ornamentais continue no período pós-pandemia, como o novo normal, o que abre grandes oportunidades para o crescimento da demanda por flores de corte, principalmente para agricultores familiares que desejam diversificar seu sistema de produção (IBRAFLOR, 2021).
Referências:
ALONSO, A. M.; SOUSA-SILVA, J. C. Alpinia purpurata (Vieill.) K. Schum.: planta ornamental para cultivo no Cerrado. 1. ed. Planaltina, DF, 2010. 34 p.
IBRAFLOR. Instituto Brasileiro de Floricultura. Crescimento do setor em 2019. São Paulo, 2020. Disponível em: https://www.ibraflor.com.br/post/crescimento-do-setor-em-2019. Acesso em: 22 mar. 2021.
IBRAFLOR. Instituto Brasileiro de Floricultura. Informativo Ibraflor – Janeiro de 2021. São Paulo, 2021. Disponível em: https://www.ibraflor.com.br/blog-ibraflor. Acesso em: 22 mar. 2021.