A escolha da ponta e da vazão a ser utilizada na hora de aplicar um defensivo agrícola são fatores importantes que impactam nos resultados que se quer obter. Assim como diversas outras tomadas de decisões, não se tem regras fixas capazes de serem listadas para cada situação. A escolha da ponta de pulverização deverá passar pela análise de diversos pontos (Figura 1), como por exemplo:
– Qual é o alvo (plantas daninhas, fungos, pragas nematoides)
– Qual é a dinâmica dos herbicidas, fungicidas, inseticidas na planta (contato, sistêmico)?
– Quais serão as condições climáticas no momento da aplicação?
– Qual o tamanho de gota?
– Qual o volume de calda será utilizado?
Tudo isso exercerá influência na escolha da ponta de pulverização.
Uma importante análise a ser feita é quanto a densidade de gotas mínima estimada, em gotas/cm2, para cada classe de produto, para que o mesmo entregue um desempenho adequado. Pegando como exemplo os herbicidas, para aqueles sistêmicos, uma menor densidade de gotas já pode ser suficiente, porém para produtos de contato, uma maior densidade seria adequada. O mesmo acontece para fungicidas, os quais por apresentarem baixa sistemicidade na planta, necessitam de uma maior densidade de gotas por cm2 para um melhor controle.
Como conseguir maior densidade de gotas?
Uma maior densidade de gotas pode ser obtida trabalhando com gotas de menor tamanho. Por exemplo, em condições climáticas adequadas, podemos trabalhar com gotas finas ou médias com tamanho de 150 a 200 ?m para obter maior eficiência técnica dos fungicidas. Isso irá contribuir para uma adequada cobertura sobre a folha. A utilização desse espectro de gotas é importante, porque, de maneira geral, os fungicidas não translocam a longa distância pela planta. Por outro lado, no caso de herbicidas sistêmicos na planta, em ambos os sentidos, tanto acropetal como basipetal, como no caso do glifosato, pode-se trabalhar com gotas maiores, como por exemplo 300-350 ?m, que o resultado poderá ser satisfatório da mesma forma.
CASE 1
Dossel fechado da cultura e condições climáticas adequadas
No caso de uma aplicação de fungicida na cultura da soja, com dossel fechado, sob condições climáticas adequadas, diversos trabalhos apontam que o uso de gotas finas aumenta as chances de uma maior deposição de gotas na parte inferior das plantas. Como é gerado um número maior de gotas, aumentam-se as chances de essas vencerem as barreiras impostas e atingir o dossel inferior. Para gerar gotas finas, deverão ser selecionadas pontas adequadas para esse fim. São exemplos, as pontas que produzem o filme de água no formato de cone vazio e também as de duplo leque. Abaixo, segue alguns exemplos de pontas que poderão ser utilizadas.
Lembre-se!
Condições climáticas adequadas de aplicação devem considerar temperatura abaixo de 30°C, umidade relativa maior que 55% e velocidade do vento entre 3 a 10 km/h.
CASE 2:
Dossel fechado e condições climáticas limites de aplicação
No caso de aplicação de fungicida em soja fechada, sob condições limites de aplicação, pode-se utilizar gotas médias. Algumas pontas, como por exemplo, as que produzem um filme de água no formato de leque “simples”, podem ser facilmente reguladas para gerar gotas médias.
Lembre-se!
Sob condições inadequadas de aplicação, as quais fogem muito das condições ideais, não é indicado que se façam aplicações, em função do risco de perda de eficácia dos fungicidas, deriva e fitotoxidade as plantas.
CASE 3:
Aplicação de herbicidas
No caso de dessecação com herbicidas, pode-se utilizar gotas média/grossa ou grossa, dependendo do herbicida utilizado. Para herbicidas sistêmicos com boa sistemicidade na planta, gotas grossas podem ser utilizadas, proporcionando menor risco com deriva, por exemplo. Já no caso de herbicidas de contato, gotas médias podem ser mais adequadas, visando uma maior cobertura. Abaixo, algumas pontas que poderão ser utilizadas para gerar gotas média e grossas, como por exemplo as pontas de pré-orifício, as pontas com indução de ar e as pontas de impacto.
E A VAZÃO DE TRABALHO? QUAIS TEM SIDO OS RESULTADOS?
Para a aplicação terrestre de fungicidas e herbicidas, de maneira geral, tem-se observado que a aplicação de 80 a 120 L/ha tem gerado bons resultados e não comprometendo de maneira tão significativa a logística operacional e rendimento da operação. Principalmente no caso de fungicidas, onde se busca uma melhor cobertura sempre, a redução do volume de calda demasiadamente pode comprometer tal parâmetro e afetar no desempenho dos produtos.
É possível de se obter bons resultados trabalhando com baixos volumes de calda, no entanto, se torna uma aplicação extremamente técnica, de baixa flexibilidade quanto aos ajustes no tamanho de gotas e dessa forma, exigirá condições extremamente favoráveis para aplicação, do contrário, se tornará uma aplicação de maior risco.
CASE 1
Na primeira aplicação de fungicidas, como por exemplo, quando as plantas apresentarem-se no estádio (V5 ao V7), pode-se utilizar volumes de calda menores.
CASE 2
Certamente na aplicação abaixo, a partir do fechamento da entre-linha da cultura, deve-se priorizar volumes de calda maiores.