Neste conteúdo você vai poder aprender sobre:
– A doença
– Sintomatologia
– Epidemiologia
– Disseminação
– Controle
O Brasil é considerado o principal produtor de laranja do mundo, além da caracterização de maior exportador do suco da fruta. Com tudo, o cancro cítrico é uma das principais doenças que reduz a produtividade da citricultura.
A doença
O cancro cítrico é ocasionado pela bactéria Xanthomonas citri subsp. citri. De acordo com Pompeu et al., (2017), a bactéria pode ocasionar doenças em muitas variedades comerciais de citros, o que resulta em perdas econômicas significativas para o produtor, além da perda direta de rendimento. Como a doença apresenta lesões características na superfície da fruta, isso pode impedir a comercialização de frutas frescas. O cancro cítrico apresenta grande relevância econômica, pois ocasiona a redução na produtividade do pomar, provoca desfolha das plantas contaminadas e a queda prematura nos frutos, além de restringir o uso das cultivares altamente suscetíveis à doença, as chamadas variedades precoces (GOTTWALD et al., 2001, 2002; BEHLAU et al., 2007, 2008; SANCHES et al., 2014).
Sintomatologia
Os sintomas desta doença são lesões eruptivas, de coloração pardacenta, de aspecto corticoso e com 2 a 8 milímetros ou mais, que ocorrem em folhas, ramos novos e frutas (FACHINELLO et al., 2008). Segundo Amaral (2003), os principais sintomas são encontrados nas folhas das plantas, e os sinais iniciais são a formação de pequenas pústulas circulares e oleosas, com até 1 cm de diâmetro, na superfície abaxial (Figura 1). A região abaxial é importante para a infecção da bactéria, devido ao maior número de estômatos, sendo a principal via de acesso. Ao decorrer do tempo, a lesão aumenta de tamanho, e ocorre a formação de pústulas na forma de erupções com relevo áspero e de coloração marrom no seu interior, e um halo circundante de cor amarela. Nos frutos, as lesões são semelhantes às que ocorrem nas folhas da planta (Figura 2).
O cancro em si é a principal manifestação da doença, causado pela excessiva divisão celular (hiperplasia) no mesófilo foliar onde houve a infecção, provocando o rompimento da epiderme e seu surgimento em forma de erupção, no meio da lesão (AMARAL, 2003).
Epidemiologia
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A bactéria que acomete a doença é aeróbica, Gram negativa (ou seja, apresenta coloração vermelha no corante Gram) e não forma esporos. A sobrevivência da bactéria é de apenas alguns dias, pois ela morre rapidamente quando exposta diretamente à luz do sol e/ou ao dessecamento na superfície do órgão vegetal (AMARAL, 2003). Quando exposta ao solo, a sobrevivência da bactéria é curta, no entanto, quando está incorporada no solo juntamente com os restos culturais, pode apresentar o tempo de vida de alguns meses (AMARAL, 2003).
A bactéria Xanthomonas citri subsp. apresenta algumas condições ideais para que ocorra a infecção, tais como:
– Temperatura entre 25 e 30 °C
– Presença de lâmina de água na superfície das folhas
– Os primeiros sintomas são observados de 5 a 7 dias após a inoculação do patógeno.
Disseminação
A doença pode ser introduzida em uma região de várias formas. Os principais meios são o vento e a chuva, a proliferação de material vegetal contaminado (tais como mudas e borbulhas) e ferramentas infestadas (AMARAL, 2003).
Controle
A melhor maneira de evitar problemas com o cancro cítrico é evitar que a doença seja levada para o pomar. Com isso, tenha alguns cuidados (FACHINELLO et al., 2008):
– Adquirir mudas provenientes de viveiros inspecionados e livres de doenças;
– Evitar a instalação de pomares em locais onde exista o cancro cítrico;
– Dar preferência para cultivares mais resistentes;
– Realizar a desinfecção de todos os equipamentos e máquinas utilizadas no campo, incluindo roupas e calçados.
A inspeção dos pomares deve ser constante, para que medidas de controle sejam tomadas rapidamente. Ainda não existe um método curativo para a doença. A única forma de eliminar o cancro cítrico é por erradicação das plantas infectadas, queimando-as no próprio local evitando o risco de disseminar a bactéria para outras áreas. Também é importante eliminar as rebrotas que surgem na área onde foi realizada a erradicação, pois essas rebrotas podem estar contaminadas pela doença.
Atenção: Não é permitido, o replantio de citros na área (talhão) que teve plantas erradicadas por causa da doença por um período de dois anos.
A busca por controle alternativo pode envolver a aplicação de bactericidas cúpricos. No entanto, a eficiência desses produtos tem ação de proteção dos tecidos suscetíveis à penetração da bactéria (MACIEL, 1994). Além disso, tem-se observado que as pulverizações são mais eficazes no controle do cancro cítrico se outras práticas culturais concomitantes forem adotadas, como proteção contra ventos fortes e a poda de tecidos lesionados, para diminuir as fontes de inóculo (CANTEROS, 2005).
Referências bibliográficas:
AMARAL, A.M. Cancro cítrico: permanente preocupação da citricultura no Brasil e no mundo. Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Comunicado técnico, 86. Brasilia – DF, 2003.
BEHLAU, F., BELASQUE, Jr. J., BERGAMIN FILHO A. e LEITE JR., R. P. Incidência e severidade de cancro cítrico em laranja ‘Pêra Rio’ sob condições de controle e proteção com quebra-vento. Fitopatologia Brasileira, v. 32, p. 311-317, 2007.
BEHLAU, F., BELASQUE Jr. J., BERGAMIN FILHO A., GRAHAM J. H., LEITE Jr. R. P. e GOTTWALD, T. R. Copper sprays and windbreaks for control of citrus canker on young orange trees in southern Brazil. Crop Protection, v. 27, p. 807-813, 2008.
CANTEROS, B.I. Manejo de enfermedades en Citrus: cancrosis, moteado negro (black spot) y caída anormal de frutos. In: CICLO DE PALESTRAS SOBRE CITRICULTURA DO RS, 12., 2005, Faxinal do Soturno. Anais… Porto Alegre,: UFRGS, FEPAGRO e EMATER/RS, 2005. p.113-128.
FACHINELLO, J.C.; NACHTIGAL, J.C; KERSTEN, E. Fruticultura Fundamentos e prática. Pelotas, 2008. 183 f. GOTTWALD, T. R., HUGHES, G., GRAHAM, J. H., SUN, X. e RILEY, T. The citrus canker epidemic in Florida: The scientific basis of regulatory eradication policy for an invasive species. Phytopathology, v. 91, p. 30-34, 2001.
GOTTWALD, T. R., SUN, X., RILEY, T., GRAHAM, J. H., FERRANDINO, F. e TAYLOR, E. L. Geo-referenced spatiotemporal analysis of the urban citrus canker epidemic in Florida. Phytopathology, v. 92, p. 361-377, 2002.
MACIEL, J.L.N. Resistência ao cobre e perfil de restrição de ADN plasmidial de Xanthomonas campestris pv. citri. 1994. 69f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) – Programa de Pós-Graduação em Fitotecnia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
POMPEU, D.S.; GUEDES, T.A.; JANEIRO, V.; GONÇALVES-ZULIANE, A.M.O.; NUNES, W.M.C.; CARNEIRO, J.W.P. Modeling the incidence of citrus canker in leaves of the sweet orange variety ‘Pera’. Acta Scientiarum. Agronomy, v. 39, n. 1, p. 1-8, 2017.
SANCHES, A.L.R.; MIRANDA, S.H.G.; JUNIOR, J.B.; BASSANEZI, R.B. Análise Econômica da Prevenção e Controle do Cancro Cítrico no Estado de São Paulo. Revista de Econômia e Sociologia Rural, Piracicaba-SP, Vol. 52, Nº 03, p. 549-566, Jul/Set 2014