O cafeeiro é uma planta perene e como tal, permanece vários anos no campo. Durante todo esse tempo, o cafeeiro apresenta diferentes fases de desenvolvimento. Costumeiramente, divide-se as fases da lavoura cafeeira em lavoura em formação e lavoura em produção, pois apresentam demandas energéticas e nutricionais distintas, além de drenos metabólicos diferentes, consequentemente, necessitam de manejo específico.
Neste material você vai entender um pouco mais sobre:
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Período vegetativo e reprodutivo do cafeeiro
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As fontes e os drenos durante o ciclo da planta
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Vegetação e frutificação ao longo dos anos
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Ano de alta e o ano de baixa produção do café
No início, do plantio das mudas até aproximadamente 2.5 a 3 anos de idade, o cafeeiro não produz e apresenta apenas o crescimento vegetativo. Nesse período de lavoura em formação, as plantas são menores, jovens e a energia que obtém via fotossíntese é direcionada para o crescimento e desenvolvimento de três drenos principais: folhas, ramos e raízes (Figura 2).
A partir do terceiro ano, aproximadamente, o cafeeiro começa a produzir quantidades pequenas de frutos que vão aumentando e atingem seu máximo por volta do quinto e sexto ano. A lavoura em produção apresenta, além do crescimento vegetativo, o crescimento de estruturas reprodutivas concomitantemente, as flores e os frutos (Tabela 1). Assim, a energia produzida pela planta é direcionada para um número maior de drenos (Figura 2).
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A partição de fotoassimilados é desigual entre esses drenos, pois os órgãos reprodutivos têm maior demanda energética e maior força dreno (Taiz & Zeiger, 2010). Portanto, recebem mais carboidratos advindos da fotossíntese se comparado as folhas, ramos e raízes; em outras palavras: o crescimento dos frutos é prioridade em relação às partes vegetativas.
Como consequência, tem-se que lavouras em formação são compostas por plantas menores e com uma demanda menor, pois só apresentam o crescimento vegetativo. Por outro lado, lavouras em produção, tem maior capacidade fotossintética, porém mais drenos para suprir. Essa ocorrência de dois drenos de diferentes forças concomitantemente tem implicações no padrão de crescimento, desenvolvimento, produção e no manejo do cafeeiro.
Bienalidade do cafeeiro
Ao mesmo tempo que produz os frutos da safra atual, o cafeeiro em produção deve garantir o crescimento vegetativo que irá determinar a produção da safra seguinte, pois o café só floresce e produz nos ramos novos. Desse modo, uma alta produção de frutos representa uma maior exigência para a planta suprir. Dada a força dos frutos como dreno, a energia será prioritariamente direcionada a eles, as reservas poderão ser consumidas e o crescimento vegetativo será comprometido. Isso ocorre no chamado “ano de alta” e acontece principalmente porque o cafeeiro não descarta frutos, ou seja, não consegue regular a oferta e demanda por fotoassimilados descartando frutos.
Com o menor crescimento vegetativo, a planta produz menos frutos no ciclo produtivo seguinte – “ano de baixa”.
Consequentemente, “sobra” mais energia para a vegetação, que cresce e favorece uma alta produção no ano seguinte e, assim, sucessivamente, esses ciclos de altas e baixas produções se repetem, fenômeno conhecido como bienalidade do café. Uma mesma lavoura pode ter áreas em alta e em baixa no mesmo ano, dependendo de seu histórico. A bienalidade é uma das responsáveis pelas oscilações ano a ano da produção nacional de café (Figura 3).
Essas oscilações de alta e baixa produção, bem com os diferentes períodos de crescimento vegetativo e reprodutivo do cafeeiro tem implicações diretas no manejo do sistema de produção, pois maior a exigência nos períodos de crescimento reprodutivo, não se refere apenas à demanda energética, mas também a uma maior exigência nutricional.
Referências bibliográficas
CAMARGO, . P. de; CAMARGO, M. B. P. de. Definição e esquematização das fases fenológicas do cafeeiro arábica nas condições tropicais do Brasil. Bragantia, v. 60, n. 1, p. 65–68, 2001.