O algodão, assim como grande parte das culturas, tem uma série de pragas que podem limitar sua produção. Uma delas é o bicudo-do-algodoeiro, que é considerado uma praga direta, por causar danos na parte comercial da planta. O bicudo, Anthonomus grandis Boh. (Coleoptera: Curculionidae), em altas infestações e sem o controle adequado pode inviabilizar o cultivo do algodoeiro a longo prazo.
Conheça a seguir 5 aspectos bioecológicos do bicudo:
- Sua fase larval dá-se na parte interna das estruturas de frutificação de plantas hospedeiras. Essa característica confere ao bicudo proteção de vários inimigos naturais, de condições adversas do clima e da ação de inseticidas (BUSOLI et al., 1994).
- O bicudo adulto é um pequeno besouro com 4 a 9 mm de comprimento, de cor castanha, mas quando recém emergido tem colocação cinza. Ao tornar-se mais velho, desenvolve dois espinhos em cada fêmur do primeiro par de pernas e élitros com riscas longitudinais (GALLO et al., 2002; GONDIN et al., 1999).
- A reprodução da praga é sexuada. A fêmea oviposita em média 10 a 12 ovos por dia, ao longo de 12 a 15 dias, totalizando em torno de 150 ovos durante toda a fase reprodutiva (RAMALHO; WANDERLEY, 1996; YOUNG JUNIOR, 1969).
- Esses ovos são colocados na parte apical do botão floral por um orifício feito pela fêmea, que depois é fechado pela mesma com uma substância cerosa que protege o ovo de inimigos naturais e da sua desidratação (GALLO et al., 2002; SILVIE et al., 2001).
- Para alimentação, o bicudo prefere os botões florais do terço médio. Já para ovipositar, os botões preferidos são os do terço superior do algodoeiro (GRIGOLLI et al., 2015). Entretanto, a praga não consegue identificar os botões florais que já foram ovipositados, assim, podemos encontrar até cinco ovos por botão floral quando a infestação é superior a 50% (SOARES; YAMAMOTO, 1993).
Referências:
BUSOLI, A. C.; SOARES, J. J.; LARA, F. M. O bicudo do algodoeiro e seu manejo. Jaboticabal: FUNEP, 1994. (FUNEP; Boletim, 5).
GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R. P. L.; APTISTA, G. C.; BERTIFILHO, E.; PARRA, J. R. P.; ZUCCHI, R. A.; ALVES, S. B.; VENDRAMIN, J. D.; MARCHINI, L. C.; LOPES, J. R. S.; OMOTO, C. Entomologia agrícola. Piracicaba: FEALQ, 2002.
GONDIN, D. M. C.; BELOT, J. L.; SILVIE, P.; PEITI, N. Manual de identificação das pragas, doenças, deficiências minerais e injúrias do algodoeiro no Brasil. 3. ed. Cascavel: COODETEC: CIRAD-CA, 1999. (Boletim técnico, 33).
MIRANDA, J. E.; RODRIGUES, S. M. M. Manejo do bicudo-do-algodoeiro em áreas de agricultura intensiva. Campina Grande: Embrapa, 2016. (Circular técnica, 140).
RAMALHO, F. S.; WANDERLEY, P. A. Ecology and management of the boll weevil in South American cotton. American Entomologist, Lanhan, v. 42, n. 1, p. 41-47, 1996.
SILVIE, P.; LEROY, T.; BELOT, J. L.; MICHEL, B. Manual de identificação das pragas, e seus danos no algodoeiro. Cascavel: COODETEC: CIRAD-CA, 2001. (Boletim técnico, 34).
SOARES, J. J.; YAMAMOTO, P. T. Comportamento de oviposição de Anthonomus grandis Boh. (Coleoptera: Curculionidae) em diferentes níveis de infestação natural. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, Londrina, v. 22, n. 2, p. 333-339, jun. 1993.
YOUNG JUNIOR, D. F. Cotton insect control. Birmingham: Oxmoor House, 1969.