O azevém (Lolium multiflorum Lam.) é uma gramínea herbácea, cespitosa e ereta que se reproduz via sementes, as quais são facilmente dispersadas via animais ou máquinas. Estas características tornaram o azevém um ótimo competidor com as demais culturas. O advento da sua resistência ao glifosato tornou o cenário ainda pior, de forma que esta planta está em praticamente todas as lavouras de inverno no Sul do Brasil.
Por outro lado, há regiões em que o azevém é a alternativa escolhida para o inverno, tanto para cobertura do solo com também para pastejo, já que produz pastagens de boa qualidade e permite a ressemeadura natural, diminuindo o trabalho do produtor.
No cenário de duplo propósito do azevém: cobertura e pastoreio, é preciso atentar para sua sanidade, visando a uma palhada sadia sem ser fonte de inóculo e uma pastagem de qualidade.
Três doenças de panícula são as mais comuns para o avezém: giberela (Fusarium graminearum), brunose (Pyricularia grisea) e ergot (Claviceps purpurea). Esta última é importante por causar riscos ao animal que consumir a pastagem infectada.
O fungo Claviceps purpúrea ataca o ovário no período de florescimento das plantas. Nenhuma outra parte da planta é infectada. No campo, durante a fase de infecção das inflorescências pelo patógeno, observa-se o sintoma conhecido como mela das inflorescências, formado por um líquido pegajoso exsudado dos ovários das flores infectadas. Conforme a doença evolui, o ovário vai sendo destruído e substituído por uma manta micelial, a qual se transforma em um escleródio de coloração púrpura-escura (Figuras 1 e 2).
O escleródio apresenta alta concentração de alcaloides (ergosterol, ergotamina, ergotoxina, ergotetrina e outros) tóxicos e, se consumido por animais (bovinos, equinos, suínos, ovinos, caprinos e caninos) ou pelo homem, pode causar o ergotismo, também conhecido por “Envenenamento por Ergot” e “Fogo de Santo Antônio”.
As medidas de controle para esta doença incluem:
- Rotação de cultura com plantas não hospedeiras e eliminação dos restos da cultura com aração profunda para reduzir o nível de inóculo;
- Evitar atraso na época de semeadura;
- Uso de semente de boa procedência e certificadas (livre de patógenos);
- Tratar as sementes;
- Promover adubação equilibrada com cobre, nitrogênio e potássio.
Além disso, para evitar a ocorrência de ergotismo, recomenda-se observar a pastagem, mantendo porte baixo e ao sinal da doença, retirar os animais da pastagem.
Referências
LORENZI, H. Manual de identificação e controle de plantas daninhas. 7 ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2014.
NUNES, C. D. M.; MITTELMANN, A. Doenças do azevém. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2009.
REIS, E. M.; DANELLI, A. L. D. O azevém e a sanidade das lavouras de cereais de inverno: uma planta do bem ou do mal? Revista Plantio Direto. set./out. 2011.