Qualidade de semente
Nesse material você vai entender um pouco mais sobre:
Germinação
Tolerância a dessecação
Vigor
Longevidade
Sementes de alta qualidade proporcionam aos agricultores maior rendimento através de plântulas com maior tolerância ao estresse, maior capacidade de competir com as plantas invasoras e melhor utilização de fertilizantes e outros insumos. É uma característica complexa e composta por diferentes atributos de qualidade, incluindo qualidade física, genética, sanitária e fisiológica (POPINIGS, 1985).
Todos os atributos são importantes para determinar a qualidade das sementes, mas a qualidade fisiológica tem recebido atenção especial. A qualidade fisiológica das sementes refere-se à germinação, tolerância à dessecação, vigor e longevidade, que regem a capacidade teórica das sementes em expressar suas funções vitais sob condições favoráveis e desfavoráveis no meio ambiente (BEWLEY et al., 2013).
A semente vai demonstrar qualidade fisiológica por meio dos seguintes atributos:
Germinação
Duas abordagens podem ser utilizadas para se definir germinação. Para a fisiologia de sementes, considera-se a reativação do metabolismo para que o embrião se desenvolva, encerrando-se com o rompimento do tegumento, por meio da protrusão da radícula (Figura 1). Para a tecnologia de sementes, a germinação é definida pelo desenvolvimento das estruturas do embrião, resultando na formação de uma plântula normal (estruturas essenciais bem desenvolvidas), sob condições favoráveis (Figura 1B).
A germinação é expressa em porcentagem, sendo um atributo obrigatório para a comercialização de sementes. Para sementes de soja nas categorias C1, C2, S1 e S2, a germinação mínima permitida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para a comercialização é de 80% (plântula normal), segundo a Instrução Normativa nº 45/2013 (BRASIL, 2013). Através das informações de germinação do lote de sementes, o agricultor irá determinar a densidade de semeadura da lavoura.
Figura 1. Germinação de sementes de soja pelo ponto de vista da fisiologia de sementes, por meio da protrusão da radícula (A) e pelo ponto de vista da tecnologia de sementes, por meio de emergência de uma plântula normal (B). Fonte: EmergeAgro (2020).
Tolerância à dessecação
Definida como a capacidade da semente sobreviver após perda de água (secagem), ou seja, manter a possibilidade de germinar após secagem (LEPRINCE et al., 2017). Esse atributo é conferido apenas a sementes tolerantes a dessecação, chamadas de ortodoxas. As sementes de soja, mesmo possuindo essa característica, apresentam baixa vida útil durante o armazenamento (baixa longevidade) (BEWLEY et al., 2013).
Vigor de semente
Os resultados de germinação obtidos em laboratório podem não se repetir no campo, devido a diferença de condições ambientais as quais as sementes podem ser submetidas. Assim, para complementar os resultados do teste de germinação é importante determinar o vigor das sementes.
O vigor irá determinar o potencial de uma germinação rápida e uniforme, para a formação de um estande adequado no campo, sob condições favoráveis e adversas (Figura 2). Não é uma única propriedade mensurável, mas um conceito associado a aspectos de desempenho de sementes que incluem velocidade e uniformidade de germinação de sementes, crescimento de plântulas e capacidade de emergência de plântulas em condições ambientais desfavoráveis (ISTA, 2014). A união de todos os atributos de qualidade de sementes irá resultar em uma semente de alto vigor, fundamental para o sucesso da produção, uma vez que, em lavouras de soja, o uso de sementes de alto vigor apresenta maior potencial de produção, chegando a índices de até 10% de aumento de produtividade (FRANÇA-NETO et al., 2012).
Figura 2. Lotes de sementes com alto e baixo vigor. Fonte: EmergeAgro (2020).
Longevidade da semente
Refere-se ao período que a semente se mantém viva, quando armazenada sob condições ideais. É um fator crucial para garantir o estabelecimento adequado de plântulas e o rendimento das culturas, sendo fundamental para os aspectos ecológicos, agronômicos e econômicos (SANO et al., 2016; ZINSMEISTER et al., 2016).
Na cultura da soja, a produção de sementes com alta qualidade fisiológica (germinação, vigor, tolerância à dessecação e longevidade) é primordial para a expansão da lavoura.
Confira o vídeo sobre os Atributos para Qualidade de Sementes
Referências consultadas:
BEWLEY J. D. et al. Seeds: Physiology of Development, Germination and Dormancy. 3. ed. New York: Springer, 2013. 408p.
BRASIL. Padrões de Identidade e Qualidade para a Produção e a Comercialização de Sementes, Instrução normativa n° 45, de 17 de setembro de 2013. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/insumos-agropecuarios/insumos-agricolas/sementes-e-mudas/publicacoes-sementes-e-mudas/copy_of_INN45de17desetembrode2013.pdf. Acesso em: 25 jan. 2020.
INTERNACIONAL SEED TESTING ASSOCIATION. Seed vigour testing. In: International Rules for Seed Testing. Zurich: ISTA, p. 1-15, 2014.
LEPRINCE, O. et al. Late seed maturation: drying without dying. Journal of Experimental Botany, Oxford, v. 68, n. 4, p. 827-841, 2017.
POPINIGIS, F. Fisiologia da semente. 2. ed. Brasília: AGIPLAN, 289p. 1985.
FRANÇA NETO, J. B. et al. Semente esverdeada de soja: causas e efeitos sobre o desempenho fisiológico – Série Sementes. Londrina: Embrapa Soja, 2012. 15p. (Circular Técnica, 40).
SANO, N. et al. 2016. Staying alive: molecular aspects of seed longevity. Plant and Cell Physiology, Oxford, v. 57, p. 660–674, 2016.
ZINSMEISTER et al. ABI5 is a regulator of seed maturation and longevity in legumes. The Plant Cell, Rockville, v. 28, p. 2735-2754, 2016.