Neste conteúdo você vai poder entender um pouco mais sobre:
- Desvalorização dos bens ao longo do tempo;
- O que é a depreciação linear
- Como o cálculo pode ser feito.
Quando uma colheitadeira ou um trator ficam parados (sem uso), dentro do galpão, por alguns meses, obviamente não se tem gastos com combustível ocasionados por horas trabalhadas.
As máquinas paradas tem algum tipo de custo?
Embora muitos gestores de propriedades rurais, onde há um menor nível de gestão financeira possam responder a essa pergunta com um NÃO, essa resposta não está correta, pois não considera a depreciação desses bens.
Ressalta-se inicialmente, que a depreciação incide sobre os bens que possuem vida útil limitada (BARBOSA et al., 2012). Dessa forma, a terra não apresenta tais custos. Para os menos familiarizados com o termo, o conceito de depreciação pode ser entendido como a desvalorização dos maquinários, implementos agrícolas e bens em geral, ao longo do tempo. Esse “desgaste” financeiro pode ocorrer por vários motivos, como:
- Obsolescência da tecnologia com o passar dos anos (ao entrar na cabine de uma colheitadeira modelo 2020 e logo após em uma modelo 2010 é notória a diferença tecnológica. Nesse caso, por exemplo, possivelmente a colheitadeira mais nova apresenta muito mais equipamentos e marcadores digitais);
- Desgaste das peças por tempo de uso na lavoura (por exemplo, desgaste de polias, retentores, parafusos);
- Desgaste natural das peças.
Dadas algumas formas que podem contribuir para desvalorizar um bem, como uma colheitadeira ou um trator, não se deve, ao longo do tempo estimar que seu valor permaneça constante em relação ao momento da aquisição. Obviamente, que essa lógica de desvalorização se mantem se não forem incorporadas novas tecnologias no bem.
Existem várias formas de calcular a depreciação dos bens do negócio rural. Uma visão ampla dessa variedade de procedimentos é apresentada no trabalho de Cosentino (2004). Contudo, no presente texto, focarei naquela, que, com base em conversas que venho tendo com produtores de grãos da região norte e noroeste do Rio Grande do Sul, é uma das mais utilizadas. De forma mais específica, o foco a partir de agora será na depreciação linear.
Esse método leva em consideração a desvalorização do bem de forma constante ao longo do tempo. Sua mensuração pode ser realizada da seguinte maneira (equação 1):
<
A vida útil do bem, para fins de cálculos de depreciação, pode ser encontrada no site da Receita Federal, para fins fiscais, bem como em sites de contabilidade e de gestão. Vale lembrar que, a depreciação anual é variável, dependendo do tipo do bem que é analisado. Por exemplo, a vida útil de uma colheitadeira é estimada em 10 anos, já a de uma edificação, de 25 anos. Maiores detalhes podem ser acessados por meio deste link.
Assim, levando em consideração que uma colheitadeira seja comprada hoje, por 1 milhão de reais, qual será sua depreciação anual? Para o obter esse resultado, basta fazer a divisão mostrada na equação 1. Dividindo o valor total do bem pelo seu período de vida útil, chega-se ao resultado de 100 mil reais por ano (sendo esse o valor da depreciação, levando em consideração o método linear e as recomendações de vida útil disponibilizadas pela Receita Federal). Caso o produtor rural queira saber qual a taxa de depreciação mensal, basta dividir o valor encontrado por meio da equação 1 por 12 (o valor mensal é de cerca de 8.330 mil reais por mês).
Vale lembrar, contudo, que ao término do período de vida útil do bem o mesmo não deve ser vendido como sucata (muito longe disso!). A análise da depreciação, considerando um tempo de vida útil é importante, para fins fiscais e gerenciais. Dependendo das condições em que o bem se encontra, ele terá determinado valor de mercado (de acordo com o seu valor residual). A colheitadeira exemplificada anteriormente, por exemplo, dado seu desgaste e obsolescência poderia ser comercializada, digamos, por 350 mil reais, passados 10 anos de sua compra.
Analisar de forma adequada a depreciação permite uma maior capacidade para analisar o valor dos ativos do negócio rural, dando suporte para as decisões da propriedade. Ela também é importante para calcular os custos de produção das atividades rurais. Nesse caso, a negligência da depreciação, pode acarretar em resultados superestimados, o que pode afetar de forma negativa o negócio ao longo do tempo.
Referências
Barbosa, L. P., Braga, A., Souza, M. A. de, Braga, D. P. G. Contabilidade, Gestão de Custos e Resultados no Agronegócio: Um estudo de caso no Rio Grande do Sul. In Anais do Congresso Brasileiro de Custos-ABC, 2012.
Cosentino, R. M. A. Modelo empírico de depreciação para tratores agrícolas de rodas. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, 2004