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Início / Antracnose em soja: Uma doença silenciosa com danos severos e irreversíveis – Entenda e Evite

  • Materiais Técnicos
  • 23/02/2022

Antracnose em soja: Uma doença silenciosa com danos severos e irreversíveis – Entenda e Evite

Sumário

A antracnose causada pelo fungo Colletotrichum truncatum é uma doença que vem crescendo nas últimas duas safras, no país. É uma das principais doenças do Cerrado Brasileiro, que vem se destacando no Sul do Brasil, causando redução na população de plantas, na qualidade de semente e no rendimento de grãos.

A redução no rendimento é estreitamente relacionada à infecção nos legumes ou sob condições de infecção severa nas folhas durante o estádio de enchimento de grãos, sendo uma das principais doenças que afetam a fase inicial de formação de legumes.

 

Desenvolvimento da doença

A disseminação da antracnose ocorre a partir de sementes infectadas e restos culturais, sendo auxiliada pelo vento e chuva. Alta população de plantas ou após o fechamento das linhas, associada ao molhamento foliar e temperatura entre 18 e 25ºC são condições favoráveis para o estabelecimento da doença.


A esporulação do fungo é observada com temperaturas inferiores a 35ºC. Infecções nos cotilédones, haste e folhas ocorrem predominantemente no estádio vegetativo com o inóculo inicial oriundo da semente ou restos culturais contaminados. Com o início da floração há transmissão do inóculo para a flor, impedindo a fecundação e formação dos grãos, ou para o legume, contaminando o grão em formação.

Atraso na colheita ou muita chuva no final do ciclo promovem a contaminação massiva dos grãos. Para que ocorra a doença é necessária à interação do patógeno Colletotrichum truncatum, hospedeiro suscetível e ambiente favorável, gerando o triângulo da doença (Figura 1).

 

Figura 1. Triângulo da doença – Fatores que influenciam a ocorrência de antracnose.

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 A doença inicia com inóculo oriundo da semente ou dos restos culturas (Figura 2A,B). Plântulas originadas de sementes infectadas podem morrer durante a germinação (Figura 2C) ou germinar com necrose nos cotilédones (Figura 2D) que se estende para o hipocótilo e radícula, provocando tombamento.

 

Figura 2. Restos culturais com inóculo de Colletotrichum truncatum (A, B), plântulas originadas de sementes infectadas (C), plântulas com necrose nos cotilédones causados pelo patógeno (D).

 

Os sintomas da doença podem ser visualizados desde os cotilédones. Em lavouras comerciais, geralmente os primeiros sintomas são visualizados nas folhas (Figura 3A). As lesões são deprimidas, com coloração marrom-escura e presença de acérvulos com setas longas.

Em casos mais severos, a doença pode causar estrangulamento dos trifólios, causando o seu secamento (Figura 3B). Esses danos nos trifólios não são tão evidentes, porque ocorre no interior do dossel, porém a maior contribuição desse sintoma é por servir de fonte de inóculo para o dano mais severo que é diretamente nos legumes. 

 

Figura 3. Sintomas de antracnose em folhas (A) e estrangulamento de trifólios em casos mais severos da doença (B).

 

Com o início da floração há transmissão do inóculo da folha para a flor. A flor infectada pelo patógeno é impedida de ser fecundada, resultando em abortamento de legumes e originando legumes sem grãos (Figura 4A). As folhas e flores infectadas também podem servir de inóculo para os legumes, contaminando os grãos em formação (Figura 4B). Através da infecção do patógeno nos legumes, poderá haver abertura dos legumes (Figura 4C).

Assim, devemos ficar muito atentos a essa doença, pois muitas vezes passa despercebida, mas que vem causando danos significativos na quantidade e qualidade dos grãos colhidos. O monitoramento deve ser realizado com cautela, pois é uma doença silenciosa, que ocorre no interior do dossel. Quando percebida na lavoura, a doença já causou danos às plantas e o seu manejo é bastante dificultado.

 

Figura 4. Abortamento de legumes (A), sintomas (B) e abertura dos legumes (C) devido à infecção de Colletotrichum truncatum.

 

 Com atraso da colheita da soja, pode causar queda de legumes ou deterioração da semente. Quando o legume e os pedicelos são infectados precocemente, não há formação de sementes (legume vazio) ou se desenvolvem sementes menores que as normais. Com alta redução no número de legumes, a planta apresenta retenção foliar e haste verde. A Figura 5 apresenta a disseminação e evolução de antracnose em diferentes estádios fenológicos da soja.

 

Figura 5. Disseminação e evolução de antracnose em diferentes estádios fenológicos da soja.

 

A escala da Figura 6 foi desenvolvida para auxiliar a identificação de antracnose, bem como, estabelecer e servir como parâmetro para o nível de severidade da doença em legumes.

 

Estratégias de manejo

Para o manejo de antracnose, uma das primeiras medidas de controle é o uso de sementes sadias, livres do patógeno. Recomenda-se o tratamento das sementes com fungicidas para reduzir os riscos de introdução do patógeno em lavouras por sementes infectadas ou contaminadas superficialmente. Em lavouras contaminadas, recomenda-se realizar a rotação com culturas não hospedeiras ao patógeno.

Dentre as medidas de controle da antracnose, pode-se citar também a adequação da população de plantas, o manejo adequado do solo, o uso de variedades resistentes. Existe no mercado algumas cultivares menos suscetíveis a antracnose, que servem como alternativa para o manejo da doença, devendo ser associada as demais práticas de manejo (Figura 7).

 

Figura 7. Suscetibilidade de cultivares de soja ao fungo Colletotrichum truncatum causador da antracnose da soja.

 

Em condições adequadas de clima, como por exemplo, chuvas constantes durante o período de floração da cultura da soja como ocorrido no experimento, presença de inóculo nos restos culturais, é importante estabelecer um programa de manejo para a doença (Figura 8). Neste caso, além do tratamento de semente é essencial a aplicação de fungicidas em parte aérea da cultura, bem como, levar em consideração o momento das aplicações na fase vegetativa.

O objetivo principal é entrar cedo na cultura, com a primeira aplicação de fungicida, ainda no estádio vegetativo, para o produto atingir o dossel inferior das plantas (por exemplo, aplicação no estádio V8 da cultura da soja, como demonstrado no experimento).

É importante que a segunda aplicação seja no início da floração (R1), e uma terceira 15 Dias Após a Aplicação 2 (DAA2). Nessa situação, a boa cobertura do dossel, pela primeira aplicação contribui para manter um baixo nível de inóculo de Colletotrichum truncatum.

Desse modo, permite reduzir o avanço da doença após o fechamento do dossel da cultura. Entretanto, é importante salientar que esse posicionamento é pensando em antracnose e que eventuais surtos de ferrugem no meio ou final do ciclo da cultura poderiam exigir uma aplicação adicional, podendo ser posicionada 14 Dias Após a Aplicação 3 (DAA3). Recomenda-se trabalhar com residuais não superiores que 15 dias entre as aplicações, para garantir uma cobertura homogênea de toda a planta, bem como manter o ingrediente ativo em concentrações necessárias para o controle do patógeno.

 

Figura 8. Acumulado de chuva (mm) entre as aplicações dos fungicidas. *Escala fenológica segundo Ritchie et al. (1982).

 

A Figura 9 apresenta os programas de aplicações com fungicidas para o manejo de antracnose. Para todos os programas, as aplicações foram iniciadas no estádio V8 seguidas da segunda aplicação em R1 (início do florescimento), terceira aplicação aos 15 Dias Após a Aplicação 2 (DAA2) e quarta aplicação aos 14 Dias Após a Aplicação 3 (DAA3). A utilização de uma mistura de fungicida com triazolitiona (Tzt) e estrobilurina (St) reduziu a incidência de antracnose em legumes.

Quando foi associado o fungicida multissítio mancozebe (Mz) a mistura Tzt + St aumentou significativamente a eficácia de controle de antracnose em legumes. O programa de aplicação que apresentou a mistura de mancozebe na primeira e quarta aplicação e carboxamida (Cx) na segunda e terceira aplicação associado ao Tzt + St foi mais eficaz no controle de antracnose em legumes, em relação ao tratamento que somente apresentava Tzt + St.

Analisando os dados, fica evidente o incremento de controle da doença pela associação do fungicida sítio-específico (Tzt + St) com o fungicida multissítio Mz.

 

Figura 9. Eficácia no controle de antracnose em legumes de soja (%) em função de diferentes programas de aplicação com fungicidas. Tzt = triazolitiona; St = estrobilurina; Cx = carboxamida; Mz = mancozebe.

 

A Figura 10 apresenta os programas de aplicações com fungicidas para o manejo de Doenças de Final de Ciclo (DFCs), incluindo Cercospora kikuchii e Septoria glycines. A utilização de uma mistura de fungicida com triazolitiona (Tzt) e estrobilurina (St) reduziu a severidade das DFCs.

O programa de aplicação que apresentou a associação do fungicida multissítio mancozebe (Mz) a mistura Tzt + St na primeira aplicação, Tzt + St + Carboxamida (Cx) na segunda e terceira aplicação, e Tzt + St + Mz na quarta aplicação obteve o maior incremento na eficácia de controle de DFCs em folhas. Novamente, fica evidente o incremento de controle da doença pela associação do fungicida sítio-específico com o fungicida multissítio.

 

Figura 10. Eficácia no controle de Doenças de Final de Ciclo (DFC) em plantas de soja (%) em função de diferentes programas de aplicação com fungicidas. Tzt = triazolitiona; St = estrobilurina; Cx = carboxamida; Mz = mancozebe.

 

A produtividade da soja, em função de diferentes programas de aplicação com fungicidas pode ser visualizada na Figura 11. A produtividade é reflexo do manejo do complexo das doenças antracnose, crestamento foliar e septoriose, causadas pelos patógenos Colletotrichum truncatum, Cercospora kikuchii e Septoria glycines, respectivamente.

Pode-se observar maior produtividade da cultura quando foi utilizado os programas de aplicação com a associação do fungicida multissítio (Mz) ao fungicida sítio-específico (Tzt + St). utilização de programas de aplicação com mancozebe e carboxamida associado à triazolitiona + estrobilurina auxilia no manejo das doenças com reflexos positivos na produtividade e qualidade dos grãos colhidos.

 

Figura 11. Produtividade de soja (sc ha-1) em função de diferentes programas de aplicação com fungicidas. Tzt = triazolitiona; St = estrobilurina; Cx = carboxamida; Mz = mancozebe.

 

No mercado de agrotóxicos existem diversos fungicidas recomendados para o manejo de antracnose e DFCs, e se bem posicionados na cultura, iniciando a aplicação na fase vegetativa e a segunda no inicio da floração, apresentam-se como importantes ferramentas para o manejo, com sucesso no controle e redução das perdas pelas doenças.

A associação de fungicidas com modo de ação sítio-específico com multissítio contribui para aumentar o espectro de controle das doenças e auxilia na redução do risco de aparecimento de formas do patógeno resistentes aos fungicidas.

 

Práticas a serem utilizadas dentro do Manejo Integrado de Doença (MID) para controle de antracnose

· Utilização de sementes livres do patógeno;

· Tratamento de sementes;

· Aumento do espaçamento entrelinhas e redução da densidade de plantas;

· Rotação de culturas com plantas não hospedeiras;

· Início do programa de aplicação de fungicidas no período vegetativo;

· Utilização de fungicidas sítio-específicos com fungicidas multissítio.

 

 

Confira os infográficos mencionados neste material clicando nos links abaixo:

Fatores que afetam a ocorrência de antracnose em soja

Antracnose e a Relação Entre Patógeno, Hospedeiro e Ambiente.

 

Ocorrência de antracnose na soja de acordo com os estádios fenológicos

Antracnose em Soja X Estádios Fenológicos

 

Foto de Drª. Caroline Gulart

Drª. Caroline Gulart

Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Fitopatologia, Nematologia, Tratamento de sementes, atuando principalmente nos seguintes temas: doenças de grandes culturas , avaliação da sensibilidade in vitro de fungos a fungicidas, manejo e identificação de nematóides em soja, milho e algodoeiro. Pesquisadora, coordenadora de Microbiologia e Tratamento de sementes do Instituto Phytus.
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Dr. Marcelo Gripa Madalosso

Dr. Marcelo Gripa Madalosso

Engenheiro Agrônomo, MSc. em Engenharia Agrícola (UFSM) e Dr. em Agronomia: Fitopatologia e Tecnologia de Aplicação de Fungicidas (UFSM). Professor e Pesquisador na Universidade Regional Integrada, Campus Santiago e Santo Ângelo. Diretor da Madalosso Pesquisas. Palestrante. Participa do desenvolvimento de Fungicidas e Tecnologias de Aplicação. Autor de bibliografias na área e revisor. Tem experiência nas áreas de fitopatologia, controle químico, estudo avançados de fungicidas, fitotoxidade, absorção foliar e tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas, atuando principalmente nos patossistemas ligados a soja, milho, arroz e trigo.
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Dr. Marlon Tagliapietra

Dr. Marlon Tagliapietra

Já atuou como colaborador de pesquisa e ensino do Instituto Phytus. Possui experiência na área de Fitopatologia, atuando principalmente nos temas de proteção de plantas e controle químico de doenças em soja, milho, arroz e cereais de inverno e tecnologia de aplicação de fungicidas. Formação: Doutorado em Programa de Pós-Graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, Brasil; (2014 - 2017) Mestrado em Programa de Pós-Graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, Brasil; (2012 - 2014) Especialização em Programa Especial de Graduação de Formação de Professores para a Educação P. pela Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, Brasil; (2014 - 2015) Graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, Brasil; (2006 - 2011)
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Drª. Mônica Debortoli

Drª. Mônica Debortoli

Diretora Técnica Sul do Instituto Phytus. Formação: Doutorado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, Brasil (2008 - 2011); Mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, Brasil (2006 - 2008); Graduação em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, Brasil; (2000 - 2005).
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Dr. Nedio Tormen

Dr. Nedio Tormen

Técnico Agrícola (2005) pelo CEDUP Água Doce (SC), Engenheiro Agrônomo (2011) pela Universidade Federal de Santa Maria (RS), Mestre em Fitopatologia pela Universidade de Brasília (2014) e Doutor em Fitopatologia pela Universidade de Brasília (2018) . Possui pesquisas concentradas em fitopatologia nas culturas da soja, algodão, milho e feijão. Atualmente é Diretor Técnico Cerrado no Instituto Phytus e pesquisador na área de fitopatologia.
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Ph.D. Ricardo Balardin

Ph.D. Ricardo Balardin

"CEO do Phytus Group e CRO da DigiFarmz Smart Agriculture. Ph.D. em Crop and Soil Sciences, Plant Pathology pela Michigan State University (EUA); Doutorado em Crop and Soil Sciences, Plant Pathology. Michigan State University, MSU, Estados Unidos. (1994 - 1997); Mestrado em Fitotecnia pelas Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Brasil. (1982 - 1984); Graduação em Agronomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Brasil. (1977 - 1982). Área de atuação: Soja, milho, proteção de plantas e controle químico das doenças, arroz, cereais de inverno e tecnologia de aplicação de fungicidas."
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