Impactos no Cultivo
Os problemas de estabelecimento de plantas em lavouras de soja tem sido algo recorrente safra após safra, em várias regiões do Brasil. Muitos desses problemas são devido a ocorrência de podridão de sementes, morte de plântulas e podridões radiculares, causadas por fungos de solo ou veiculados pelas sementes de baixa qualidade. O impacto desses problemas é a redução de estande e de vigor de plantas, afetando negativamente a produtividade das lavouras. Em vários dos casos, houve a necessidade de replantio das lavouras, o que impacta no aumento de custos de produção. Além disso, muitos produtores, por não conseguirem entrar nas áreas, tiveram atraso da época ideal para semeadura, com penalizações no potencial produtivo das lavouras.
Espécies Relacionadas
Diversas espécies de fungos podem estar relacionadas aos problemas de emergência, tais como: Phytophthora sojae; Pythium spp spp., Rhizoctonia solani, Phomopsis sojae e Colletotrichum truncatum. Muitos desses patógenos, além de causar problemas de estabelecimento, se não forem controlados eficientemente, podem causar doenças em parte aérea em plantas adultas. É o caso, por exemplo da Phytophthora sojae, a qual podem infectar a cultura em qualquer estágio, desde que ocorram condições favoráveis.
Os principais fatores ambientais ocorridos na safra 2018/19 que favoreceram o ataque de fungos foram o excesso de umidade e as baixas temperaturas do solo. Associadas a esses fatores, áreas que apresentavam baixa capacidade de infiltração (solos compactados) tiveram problemas mais recorrentes, especialmente com os oomicetos de solo, Phytophthora sojae e Pythium spp. que são muito favorecidos pelo excesso de água no solo. A baixa temperatura do solo causa atraso na emergência das plântulas, o que torna as mesmas mais vulneráveis à infecção pelos fungos.
Figuras 1 – 3. Sintomas do ataque de fungos em plantas de soja na fase inicial de estabelecimento.
Dentre os fatores que afetam a qualidade da emergência e crescimento inicial de plantas, muitos estão na mão do produtor, como por exemplo o uso de sementes de qualidade, a operacionalização de uma boa prática de semeadura e o investimento em maior qualidade física, química e biológica do solo. Otimizando e ajustando esses fatores de manejo, o produtor poderá minimizar os problemas com as adversidades climáticas, as quais ele não tem o controle.
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A proteção inicial da emergência com o uso de fungicidas em tratamento de sementes é prática fundamental. Temos diversas opções de fungicidas adequadamente formulados para uso em tratamento de sementes, sendo que o uso de produtos não recomendados para essa modalidade, pode comprometer a eficácia de controle e causar fitotoxidade nas plantas. Para escolha assertiva de qual fungicida utilizar, é importante conhecer quais fungos se quer controlar, pois a efetividade varia conforme o alvo. A proteção proporcionada pelo tratamento de semente é relativamente curta, em torno de 12 a 14 dias. Nesse sentido, não podemos depositar toda a responsabilidade de proteção sobre os fungicidas, e sim pensar em estratégias que possam contribuir para uma proteção mais consistente e duradoura.
Controle Biológico
O controle biológico passa a ter papel fundamental no manejo integrado de doenças, visto que, hoje temos diversas opções de produtos com ação biofungicida. Espécies do fungo Trichoderma spp. e de bactérias do gênero Bacillus estão entre os principais e mais utilizados produtos biológicos na atualidade no controle de fungos.
Bacillus sp. são bactérias com a capacidade de formar endósporos, que são células especiais de resistência, capaz de dar a bactéria maior habilidade de sobrevivência em diferentes ambientes e condições estressantes.
Além do controle de fitopatógenos, esses agentes de biocontrole podem atuar como promotores de crescimento em plantas, tanto do sistema radicular como de parte aérea. Dentre as vantagens desses microrganismos estão a ação sobre uma ampla gama de patógenos e a capacidade de atuar através de múltiplos mecanismos de ação. Dentre esses mecanismos podemos citar a competição por espaço e recursos do meio; a síntese de substâncias letais aos fitopatógenos; a capacidade de parasitismo direto, especialmente no caso de Trichoderma spp. sobre estruturas de resistência de alguns fungos, como Sclerotinia sclerotiorum; síntese de compostos voláteis tóxicos; e ainda a capacidade de induzir mecanismos de resistência sistêmica nas plantas.
São evidentes as vantagens da utilização de produtos biológicos dentro de um contexto de manejo integrado de doenças. A aplicação desses agentes pode se dar já nos cultivos de inverno, nas culturas que antecedem a soja, com objetivo de atacar o inóculo inicial de doenças já presentes na área, sobreviventes no solo ou nos restos culturais.