Os percevejos constituem uma das principais pragas da soja no Brasil. Por se alimentarem dos grãos, afetam seriamente o seu rendimento e a sua qualidade. Ao provocarem a murcha e má formação dos grãos e vagens, a planta de soja não amadurece normalmente, permanecendo verde na época da colheita.
Na cultura da soja, o percevejo-marrom, Euschistus heros, o percevejo verde-pequeno (Piezodorus guildinii) e o percevejo-verde (Nezara viridula) tem ocorrido mais frequentemente nas lavouras. Outras espécies de percevejos também podem ser visualizadas, como o percevejo barriga-verde (Dichelops spp.) e o percevejo edessa (Edessa meditabunda).
O ciclo do percevejo:
O percevejo E. heros é encontrado na soja nos meses de novembro a abril, quando produz três gerações. O adulto de E. heros apresenta coloração marrom escura, com dois prolongamentos laterais do pronoto, em forma de espinhos. Os ovos são depositados em pequenas massas de cor amarela, normalmente com 5-8 ovos por massa, apresentando mancha rósea, próximo à eclosão das ninfas. A duração média de ovo a adulto está em torno de 28,4 dias a 25°C (Cividanes, 1992).
O percevejo barriga-verde permanece no solo sob restos culturais, alimentando-se de plantas de milho e trigo cultivadas em sistema de semeadura direta. Nessas áreas, a palhada fornece abrigo aos percevejos e estes se alimentam de sementes caídas no solo, assim os percevejos conseguem sobreviver, diferentemente do que ocorre em áreas sob cultivo convencional, onde os percevejos se dispersão dos abrigos ou são mortos pela aração.
Os ovos são verde-claros, ovoides, dispostos em grupos de tamanho variável. As ninfas apresentam geralmente coloração marrom-acinzentada na região dorsal e verde na abdominal. O desenvolvimento ninfal em soja, milho ou trigo pode variar de 26 a 33 dias.
Período de alerta
Na fase vegetativa da cultura da soja, os percevejos migram dos nichos de diapausa ou de hospedeiros alternativos para soja. Durante a floração (R1 a R2) ocorre o período de colonização, e a partir do início da formação das vagens (R3) ocorre a reprodução e o aumento das populações, sendo estas compostas por ninfas, sendo caracterizado como o período de alerta.
O aumento populacional é crescente ao final do desenvolvimento das vagens (R4) e início de enchimento dos grãos (R5), atingindo o pico populacional máximo. Posteriormente, a população vai reduzindo com a soja atingindo a maturação fisiológica (R7).
Danos dos percevejos
Dependendo da espécie de percevejo, eles podem causar basicamente três tipos de danos às culturas:
– Enrugamento ou chochamento dos grãos, provocado pela sucção da seiva das vagens ainda verdes;
– Retenção foliar ou “soja louca”, caracterizada pela permanência de folhas verdes nas plantas quando as vagens já estão em ponto de colheita;
– Favorecimento da ação de doenças sobre os grãos e as sementes, que provocam danos antes e após a colheita.
Retenção foliar e danos em grãos
Importância do monitoramento
O monitoramento é a essência do Manejo Integrado de Pragas (MIP) na lavoura, pois pode aumentar a eficiência no controle dos insetos e também pode proporcionar redução do custo de produção. O grande benefício deste monitoramento é a identificação do momento ideal para entrar com as aplicações de inseticidas nas lavouras, tendo assim um melhor aproveitamento dos produtos utilizados.
Principais espécies e danos causados | Momento do monitoramento | Principais grupos de inseticidas
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Percevejos na soja: a hora de iniciar o controle