Nesse material você vai aprender sobre:
- Tipo de polinização da nogueira-pecan
- Como ocorre a polinização
- Como esse processo influência na escolha da cultivar
Pomar de nogueira-pecan
Atualmente a nogueira-pecan é cultivada em vários estados brasileiros, principalmente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, com cenário positivo de crescimento.
Ao se implantar um pomar de nogueira-pecan, vários são os aspectos a serem considerados visando sucesso. Entre eles o planejamento prévio, a escolha da área, conhecer as exigências da cultura e a escolha do cultivar.
Escolha da cultivar de nogueira-pecan
Esse último é um fator significativo pois é preciso escolher a cultivar principal e a polinizadora, sendo a cultivar principal a que está em maior percentagem no pomar e as cultivares polinizadoras as que estão em menor percentagem no pomar. E para fazer essa escolha com propriedade, é preciso saber como ocorre a polinização.
Polinização
Para a nogueira-pecan, a polinização é uma etapa importante para se obter uma boa produção, pois sua polinização é anemófila (WOOD, 2000). Onde o vento pode transportar o pólen da pecan por até 900 m. Como aqui no Brasil o período onde ocorre a polinização das cultivares de nogueira-pecan – outubro – coincide com períodos de muita chuva, o que pode prejudicar a polinização, se recomenda pelo menos três cultivares no pomar. Dessas, uma é cultivar principal e duas são cultivares polinizadoras, aumentando assim, o período de polinização e a chance de sucesso.
Para compreender os detalhes da polinização nesta cultura e o porquê de ter a cultivar principal e a polinizadora, é importante saber que a nogueira-pecan é uma planta alógama (sua polinização é cruzada), mas que por meio de processos evolutivos desenvolveu um mecanismo chamado dicogamia, um fenômeno que reduz significativamente a autopolinização na espécie.
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No cultivo da nogueira-pecan existem cultivares com dois tipos de dicogamia, as cultivares protândricas (Grupo I) que possuem as inflorescências estaminadas (masculinas) e pistiladas (femininas), porém, as inflorescências estaminadas amadurecem primeiro que as inflorescências pistiladas. Já nas cultivares protogínicas (Grupo II) as inflorescências pistiladas amadurecem primeiro que as inflorescências estaminadas. São exemplo de cvs. protândricas: Barton, Cape Fear, Chickasaw, Desirable, Shawnee e Shoshoni; e de protogínicas: Chocktaw, Elliott e Stuart.
Ainda há um terceiro grupo chamado de Cultivares flutuantes (Grupo III), onde entram as cultivares que possuem uma tendência a terem comportamento protândrico em um ano e protogínico em outro. Porém aqui no Brasil somente a cultivar Jackson pertence a esse grupo, sendo os Grupos I e II os mais importantes.
E dentro destes dois grupos principais de dicogamia, ainda há dois graus diferentes de dicogamia, são eles: dicogamia completa e dicogamia incompleta. O primeiro grau ocorre quando a maturação da inflorescência estaminada ou pistilada só inicia quando a outra já finalizou seu ciclo, e o segundo quando a maturação da inflorescência estaminada ou pistilada inicia antes mesmo de uma delas já ter finalizado o ciclo.
Depois de todos esses detalhes da polinização da nogueira-pecan e de conhecer os grupos e graus de dicogamia, se sobressai a importância de conhecer este processo e de escolher as cultivares de forma adequada a partir deste conhecimento. Pois, é no momento de escolha de cultivar que se deve observar se as escolhidas terão capacidade de polinizar a cultivar principal e também se as cultivares polinizadoras terão oferta de pólen para que possam produzir nozes com valor comercial.
Sendo o momento de escolha das cultivares uma etapa decisiva para se atingir, futuramente, um alto rendimento por hectare de nozes com boa qualidade.
Referências
HAMANN, J. J.; et al. Cultivares de nogueira-pecan no Brasil. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2018. (Embrapa Clima Temperado. Documentos, 478). 43 p.
WOOD, B. W. Cross-pollination within pecan orchards. Hortscience. Aug. 1996 v. 31 n. 4. 583.
WOOD, B.W. Pollination characteristics of pecan trees and orchards. HortTechnology, v.10, n.1, p.120-126, 2000.