Sclerotinia sclerotiorum
O fungo Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary é o patógeno causador da doença conhecida por Mofo Branco ou Podridão de Esclerotínia, que ocorre no mundo inteiro e infecta mais de 500 espécies de plantas, entre elas, a soja (Glycine max) (JACCOUD FILHO et al., 2017).
A característica mais marcante deste fungo é a formação de estruturas de resistência denominadas de escleródios, que podem permanecer viáveis no solo por um longo período, garantindo sua sobrevivência. O fungo pode se associar às sementes como micélio dormente em seu interior ou acompanhando as sementes, na forma de escleródios (PAULA JÚNIOR et al., 2010). A associação deste patógeno com a semente constitui uma das vias mais efetivas de introdução e disseminação de inóculo em novas regiões (GOULART, 2005).
Sementes infectadas podem germinar originando plântulas infectadas, por meio das quais o micélio do fungo pode crescer, além de que pode ocasionar a não germinação da semente. Depois de introduzido na área de cultivo, torna-se praticamente impossível a erradicação do patógeno, portanto, a principal medida de controle é a prevenção, evitando a sua entrada na área (PAULA JÚNIOR et al., 2010).
A manifestação da doença ocorre em locais com 600m de altitude ou mais, sob condições de clima ameno, com temperaturas entre 10ºC e 21ºC, e alta umidade (CAMPOS, 2010), o que faz do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina estados extremamente propensos à ataques severos do fungo.
O Mofo Branco pode causar enormes prejuízos aos produtores rurais, em especial, aos produtores de soja, com perdas de 30 até 100% nas lavouras (JULIO, 2016). Em pesquisa realizada durante 5 anos pelo Grupo de Fitopatologia Aplicada da UEPG, os produtores do estado do Paraná afirmaram que as principais formas de disseminação do patógeno causador do Mofo Branco são por meio das sementes infectadas e dos implementos agrícolas infestados (JACCOUD FILHO et al., 2017).
Para certificar que a semente está isenta do patógeno, as empresas buscaram na pesquisa metodologias para detecção da presença do micélio dormente do patógeno nas sementes de soja, e o método NEON acabou se tornando um dos métodos de detecção mais difundidos, por ser rápido e eficiente – Figura 1 (JACCOUD FILHO et al., 2017).
Figura 1. Meio NEON com sementes de soja para teste do micélio dormente. Figura A – meio preparado e recém-instalado. Figura B – após período de incubação, observa-se reação e presença de Sclerotinia sclerotiorum, pela mudança da coloração, de azul para amarelo.
O método Neon-S baseia-se na detecção do patógeno por meio da alteração da coloração, devido à produção de ácido oxálico pelo fungo, de modo que a acidificação do meio de cultura adultera sua cor, de azul para amarelo. Esse método possibilita a detecção do micélio dormente em sementes em menor tempo se comparado aos outros métodos de detecção (JULIATTI, 2017).
Dados relacionados a métodos de detecção e incidência do micélio dormente em sementes são fundamentais para elucidar a real importância da semente como forma de disseminação do fungo em diferentes lavouras locais, bem como a sua possível introdução em áreas livres da doença e, dessa forma, estabelecer estratégias de controle adequadas.
Portanto, a utilização de sementes certificadas, de qualidade e isentas do patógeno, produzidas por empresas idôneas, é o método mais eficaz para evitar a introdução do patógeno em outras áreas (JACCOUD FILHO et al., 2017).
Referências:
JULIO, Vinicius Alencar. Manejo de Mofo Branco na Cultura da Soja. 2016. Disponível em: http://www.pioneersementes.com.br/blog/119/manejo-de-mofo-branco-na-cultura-da-soja#:~:text=O%20mofo%20branco%2C%20doen%C3%A7a%20causada,s%C3%A3o%20realizadas%20de%20forma%20adequada. Acesso em: 15 abr. 2021.
CAMPOS, H. D.; SILVA, L. H. C. P.; MEYER, M. C.; SILVA, J. R. C.; NUNES JUNIOR, J. Mofo branco na cultura da soja e os desafios da pesquisa no Brasil. Tropical Plant Pathology, v. 35, p. C-CI, 2010. Suplemento.
GOULART, A. C. P. Fungos em sementes de soja: detecção, importância e controle. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2005.
JACCOUD FILHO, David de S.; HENNEBERG, Luciane; GRABICOSKI, Edilaine M. G. Mofo Branco: Sclerotinia sclerotium. Ponta Grossa, PR: TodaPalavra, 2017.
JULIATTI, F. C.; SANTOS, R. R.; MORAIS, T. P. Detecção de Sclerotinia sclerotiorum em sementes de soja e de feijão. LAMIP – Laboratório de Micologia e Proteção de Plantas Plantas, Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Ciências Agrárias, Campus Umuarama, 2017.
PAULA JÚNIOR, T. J.; VIEIRA, R. F.; LOBO JÚNIOR, M.; MORANDI, M. A. B.; CARNEIRO, J. E. S. Mofo branco. In: PRIA, M. D.; SILVA, O C. Cultura do feijão: doenças e controle. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2010.