Neste material, você vai conhecer um pouco mais sobre o que é o sistema integrado agropastoril e como implementá-lo.
Um sistema integrado de produção é definido como o conjunto de atividades e técnicas utilizadas a partir de recursos disponíveis no ambiente de cultivo. A integração dos sistemas objetiva incrementar a produtividade forrageira, diversificar biologicamente o ambiente de cultivo, proporcionar a ciclagem de nutrientes e melhorar os atributos físicos, químicos e biológicos do solo, promovendo a sustentabilidade do ecossistema pastoril.
Sistema Integrado: agropastoril
Caracteriza-se como a interação da produção agrícola nas lavouras (grãos, fibras e agroenergia) conciliada com as atividades pecuárias (carne, leite e lã) (Figura 1). Apresenta-se fundamentada em premissas planejadas, inter-relações espaciais e temporais, com as quais se busca a sinergia das atividades, a máxima eficiência da dinâmica entre solo x planta x animal x atmosfera e o aproveitamento dos recursos do ambiente, corretivos e nutrientes, tanto em cultivos simultâneos, sequenciais ou rotacionados.
Os objetivos desta integração são:
- maximizar racionalmente o uso da terra, de infraestrutura e de mão-de-obra;
- diversificar os produtos obtidos;
- minimizar os custos e os riscos de produção;
- buscar o equilíbrio entre a produção forrageira e a demanda por alimentos requerida pelos animais, pois 50% de toda a produção de alimentos no mundo é baseada no uso e nos manejos de sistemas agropecuários integrados.
Neste sentido, empregar técnicas conservacionistas, que permitam o crescimento e o desenvolvimento da planta forrageira é fundamental, pois o sistema deve ser planejado no tempo e no espaço, deve ser organizado para um longo período de produção, reunir variabilidade de recursos bióticos (espécies forrageiras e culturas de interesse) e abióticos (referentes ao ambiente de cultivo), mantendo o sinergismo da atividade agrícola com a pecuária.
O fluxo de energia no sistema agropastoril é manejado exclusivamente por ações antrópicas, que proporcionam o máximo aproveitamento da energia do ambiente para a obtenção de produtos agrícolas e animais. Em contrapartida, o restante é dissipado para o ambiente na forma de calor, e os saldos energéticos são acumulados em cada nível trófico do ecossistema pastoril.
Vantagens e desvantagens do sistema agropastoril
Dentre as vantagens deste sistema, evidencia-se: a potencialidade do uso dos recursos disponíveis na propriedade, a maior rentabilidade da cadeia produtiva com menor espaço de tempo, gerando renda adicional em períodos não favoráveis, e minimizando os gastos com corretivos, inseticidas, herbicidas e fungicidas (Figura 2).
Este sistema traz benefícios, devido ao sequestro de dióxido de carbono (CO2), à ciclagem de nutrientes e à menor agressividade ao ambiente. Quando bem planejado, também possibilita o controle de plantas daninhas, erosão, incremento da fertilidade do solo (fração química, física e biológica), material vegetal sobre o solo (palhada), melhora o armazenamento de água no solo, minimiza os efeitos de geadas e incêndios, da mesma forma, conserva a microfauna silvestre.
Como limitações, elenca-se a grande complexidade do sistema, devido à difícil escolha de quais culturas e espécies forrageiras deverão compor o sistema e a resistência na aceitação de novas técnicas por pecuaristas e agricultores tradicionais.
A integração lavoura-pecuária deve ser inserida em regiões tradicionalmente agrícolas, nas quais, no período de inverno, utiliza-se uma forrageira que dará suporte para a criação de animais e proporcionará a rotação de culturas, no entanto, pode ser introduzida em regiões que baseiam sua criação na pecuária tradicional. No entanto, a entrada de animais em um sistema integrado implica em alterações e interações, a taxa de lotação de animais por unidade de área pode influenciar diretamente a quantidade de resíduo vegetal acumulado sobre o solo e a compactação poderá afetar indiretamente a cultura agrícola estival.
Implantação do Sistema Integrado Agropastoril
Este procedimento, inicialmente, deve ser ponderado por um rigoroso planejamento a longo prazo, definindo os objetivos, as técnicas empregadas, a disponibilidade de recursos humanos e econômicos, as culturas, as espécies forrageiras e os animais que devem ser utilizados no sistema integrado, baseando-se nas premissas de sucessão e rotação de culturas (cultura/cultura, cultura/pastagem, cobertura/pastagem).
A escolha de qual modelo será empregado será definida através do acúmulo de resíduos vegetais sobre a superfície do solo, da melhoria dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo, do incremento da relação carbono/nitrogênio e do acúmulo de nitrogênio simbioticamente.
Atualmente, os modelos são subdivididos em cultivos de terras baixas, em que o arroz se caracteriza como a principal cultura; para terras altas, a soja e o milho são evidenciadas no período estival. O planejamento forrageiro de um sistema integrado agropastoril deve ponderar:
- a oferta de alimento e o número de animais utilizados;
- a quantidade de forragem disponível;
- o peso vivo dos animais;
- a taxa de crescimento da espécie forrageira;
- a área ocupada com a pastagem;
- as exigências de massa seca pelo animal, que supram as necessidades de manutenção, ganho médio de peso diário e ponto de corte da espécie forrageira.
Para terras altas, geralmente emprega-se o uso de azevém anual, aveia preta, tiftons, cornichão, trevos, milheto, sorgo forrageiro, gênero Brachiaria e Panicum, amendoim forrageiro; no entanto, para terras baixas, utiliza-se o trevo branco, o trevo vesiculoso, o azevém anual e o cornichão.
Referências
CARVALHO, I. R.; SOUZA, V. Q.; NARDINO, M.; OLIVEIRA, A. C. Resultados experimentais em plantas forrageiras. Porto Alegre: Cidadela, 2016. (v. 50).
CARVALHO, I. R.; SZARESKI, V. J.; DEMARI, G.; SOUZA, V. Q. Produção e cultivo de espécies forrageiras. Porto Alegre: Cidadela, 2018. (v. 100).