Períodos de estiagem acabam por afetar a planta e a interação do patógeno com a planta.
No tocante à planta, é observado alteração nos seus mecanismos de retenção e liberação de água, bem como a estrutura da epiderme e camadas cerosas que passam a funcionar como elementos reguladores da dinâmica da água nos seus tecidos.
Com respeito ao patógeno e sua capacidade de infecção, pode ser observado uma diminuição acentuada na taxa de infecção (redução de água depositada sobre os tecidos da folha), bem como limitações na deposição e germinação de esporos. Deste modo, a taxa de progresso da doença reduz, tanto pela menor taxa de infecção como pela redução na evolução da doença.
A partir destas considerações, deve-se discutir o controle de doenças sob algumas premissas fundamentais:
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- A real necessidade do controle;
- A definição de quais fungicidas ofertariam a maior contribuição à produtividade da planta;
- Redefinição dos parâmetros da tecnologia de aplicação;
- Aplicação de produtos ativadores fisiológicos em substituição a fungicidas.
Como as cultivares respondem de forma diferencial aos produtos aplicados, não se pode omitir de quaisquer análises o quanto determinadas cultivares poderiam afetar todo o processo de controle, tanto em condições normais como em condições de estresse
Diversos trabalhos de pesquisa já demonstraram que os trifólios mais jovens absorvem mais eficientemente os fungicidas, e que triazóis são absorvidos mais rapidamente do que estrobirulinas e, estas, mais rapidamente do que carboxamidas. Evidente considerar que sob condições de estresse hídrico o processo de absorção será ainda mais afetado conquanto não altere o ordenamento referido. Na medida que o papel da epiderme desempenha função decisiva na magnitude de ingrediente ativo absorvido, será igualmente verdadeiro afirmar que os residuais dos produtos aplicados deverão sofrer alterações importantes.
Contudo, restrições semelhantes são apresentadas pela planta no tocante à perda de seus líquidos. Dados de pesquisa sugerem que sob condições de estresse hídrico pode se esperar pelo ao menos a manutenção dos residuais de controle, senão apresentarem aumento.
Entretanto deve se retornar ao questionamento sobre a real necessidade do controle: não acredito que haja um ganho relevante sob tais condições tendo por base o que já foi exposto. Se a sanidade da planta estiver em um nível bem aceitável, não se espera uma movimentação dos patógenos de tal magnitude que possa acarretar impacto importante na produtividade; por outro lado, se a sanidade não estiver em níveis aceitáveis ainda deve ser considerado a possibilidade de fungicidas serem aplicados causando o desencadeamento de reações mediadas pelas espécies ativas de oxigênio que produzem intensa queima de tecidos, normalmente qualificada como fitotoxidez.
Se houver a obstinação pelo controle, os fungicidas a serem escolhidos devem compor misturas com atenuadores (o melhor deles seria o Mancozebe) que iriam “neutralizar” as reações de hipersensibilidade da epiderme. Triazóis aplicados isoladamente podem produzir reações bem cáusticas à planta podendo causar queima ou queda das folhas, somando-se ao estresse que as doenças já instaladas estão produzindo.
Aplicação de fungicidas sob condições de estresse devem ser noturnas e com maior volume de água, devido a todo o cenário já relatado.
Evidente destacar que a não-absorção noturna dos produtos não invalida sua aplicação à noite, pois nos primeiros momentos em que a planta passa para a fase clara da fotossíntese, a absorção dos gases passa a facilitar a absorção da calda depositada sobre a folha.
Ativadores fisiológicos como alternativas aos fungicidas em uma tentativa de recompor fisiologicamente a planta, simplesmente não irá desempenhar saus reais vantagens. Existe um ponto fundamental que é a alteração fisiológica que a estiagem provoca sobre a planta e que altera o funcionamento de quaisquer produtos sobre ela aplicados, principalmente produtos que dependem virtualmente de uma fisiologia normal e equilibrada.