Nesse material você vai aprender um pouco mais sobre:
- A doença
- Sintomatologia
- Epidemiologia
- Controle
A mancha de Mycosphaerella é a principal doença foliar que acomete a cultura do morango, e causa grandes prejuízos aos produtores, os quais serão descritos na sequência.
A doença: Mancha-de-micosferela
A doença é ocasionada pelo fungo Mycosphaerella fragariae. Mazaro et al. (2006) classificam a doença, cuja forma assexual corresponde à Ramularia tulasnei Sacc, como de ocorrência generalizada em todas as regiões produtoras. Desse modo, se não controlada, pode atacar grande quantidade da área foliar, reduzindo drasticamente a capacidade fotossintética da planta. A redução na área fotossintetizante provocada pelas manchas pode ser responsável por perdas da ordem de 10% a 100%, dependendo da suscetibilidade da variedade e das condições ambientais (HELING et al., 2015).
Sintomatologia da Mancha-de-micosferela em morango
A doença inicialmente apresenta-se como manchas pequenas, de cor púrpura escura com contornos definidos (MAZARO et al., 2006). Costa e Ventura (2006) descrevem os sintomas como manchas de formato arredondado e diâmetro variável, de coloração inicialmente castanho avermelhado (Figura 1 e 2). Segundo Reis e Costa (2011), sob condições favoráveis, as manchas podem coalescer, causando queima da folha. Além das folhas, o fungo pode infectar pecíolos, cálices e frutos.
Epidemiologia
O patógeno sobrevive nos restos culturais do morango, presentes no solo, e tem sua disseminação através das mudas infectadas e do vento. A temperatura considerada ótima para que o seu desenvolvimento ocorra é de 22-26ºC, outras condições favoráveis são as chuvas prolongadas e a irrigação por aspersão, pois o patógeno necessita de altas umidades relativas (Figura 3).
A doença ocorre com maior intensidade na fase inicial, após o transplantio no campo (março – abril), e no final de cultivo (setembro – outubro), quando as temperaturas são mais elevadas. É uma doença importante também na fase de produção das mudas (COSTA; VENTURA, 2006).
Controle de Mancha-de-micosferela em morango
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Alguns cuidados são essenciais durante o cultivo para evitar a propagação da doença. Os maiores danos ocorrem quando se utiliza menores espaçamentos, ou quando a irrigação é realizada por aspersão, além do uso excessivo de adubação nitrogenada (COSTA; VENTURA, 2006). Portanto, deve-se dar prioridade à irrigação por gotejamento, com espaçamento não tão adensado, sendo que os espaçamentos mais utilizados são 2m x 2m e 2m x 1m. Deve-se seguir as recomendações do manual de adubação e calagem da região para fazer correta fertilização das plantas.
Dentre os métodos de controle, a utilização de cultivares resistentes e de mudas certificadas, livres da doença, são fundamentais para o seu manejo. Entretanto, quase todas as variedades cultivadas comercialmente são suscetíveis a esta doença. O uso de fungicidas é um dos métodos mais utilizados, sendo necessário o monitoramento da incidência da doença para a tomada de decisão quanto às aplicações de fungicidas.
Retirar os restos culturais do morangueiro presentes na área, especialmente os infectados, contribui para reduzir a fonte de inóculo para a próxima safra. A rotação de cultura também é critério importante para evitar a disseminação do patógeno na área.
Entre tantos métodos de tratamento, vamos abordar também o controle biológico, que se apresenta como alternativa para o manejo da doença. Por meio de aplicações de Saccharomyces cerevisiae e Bacillus cereus foi alcançado um controle no desenvolvimento de M. fragariae semelhante aos morangueiros que receberam aplicação de fungicida (HELING et al., 2015).
Como observado, a mancha-de-micosferela pode ocasionar grande dano à cultura do morangueiro, portanto, fazer o seu correto reconhecimento e entender a sua epidemiologia é uma ferramenta fundamental para realizar o seu controle. Desde a implantação da lavoura, deve-se observar o espaçamento entre as cultivares, realizar a correta adubação e calagem da área, dar preferência à irrigação por gotejamento, eliminar restos culturais, dentre outras estratégias de manejo da doença. Todos estes fatores, quando bem manejados, podem evitar graves prejuízos para a cultura. A escolha do controle utilizado irá depender do sistema de produção em questão, além da necessidade do produtor.
Referências
COSTA, Hélcio; VENTURA, José Aires. Manejo integrado de doenças do morangueiro. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, III.; ENCONTRO DE PEQUENAS FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, II. Pelotas, 2006. Palestras […]. Editores: Luis Eduardo Corrêa Antunes; Maria do Carmo Bassols Raseira. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006. 145 p. (Embrapa Clima Temperado. Documentos, 171).
HELING, Anderson Luis; KUHN, Odair José; STANGARLIN, José Renato. Controle biológico de Mycosphaerella fragariae na cultura do morangueiro. Scientia Agraria Paranaensis, v. 14, n. 4, p. 221-228, 2015.
MAZARO, Sergio Miguel; GOUVEA, Alfredo de; MIO, Louise Larissa May de; DESCHAMPS, Cícero; BIASI, Luiz Antônio; CITADIN, Idemir. Escala diagramática para avaliação da severidade da mancha-de-micosferela em morangueiro. Revista Ciência Rural, v. 36, n. 2, 2006.
REIS, Ailton; COSTA, Helcio. Principais doenças do morangueiro no Brasil e seu controle. Brasília, DF: Embrapa Hortaliças, 2011. (Embrapa Hortaliças. Circular Técnica, 96)