O crescimento das plantas pode ser influenciado por diferentes fatores, como luz, temperatura, salinidade, gases etc. Mas, principalmente, pela disponibilidade de água armazenada no solo, que é um dos fatores limitantes da produção. A intensidade e a duração com que ocorre o déficit hídrico nas plantas pode limitar a produtividade final, interferindo de maneira negativa na agricultura.
O que acontece com a planta em casos de déficit hídrico?
A resposta mais visível das plantas ao déficit hídrico é a redução da área foliar, o fechamento dos estômatos, a senescência e a abscisão foliar (Figura 1).
Figura 1. Abertura e fechamento estomático vegetal
Fonte: Elevagro.
A redução da disponibilidade de água diminui a taxa de fotossíntese, o tamanho e número de folhas, o tamanho e a qualidade dos frutos. Algumas culturas são mais resistentes e apresentam maior necessidade hídrica durante a fase final de granação dos frutos, quando ocorre a síntese das proteínas. Outras culturas apresentam uma maior dificuldade de resistência à falta de água.
O que fazer para evitar perdas por déficit hídrico?
O déficit hídrico nas lavouras pode ser controlado, em alguns casos, com a escolha de uma cultivar/híbrido geneticamente resistente à seca, da época de semeadura, pelo plantio direto, o qual permite maior retenção e menor escoamento/perda de água, correção de acidez do solo, rotação de cultura ou consórcio, quantidade de adubo etc. Além desses fatores, uma forma eficaz de se controlar o déficit hídrico é por fatores fisiológicos (Figura 2).
Figura 2. Processos de respiração, fotossíntese e transpiração dos vegetais.
Fonte: Elevagro.
Características fisiológicas e bioquímicas que influenciam o déficit hídrico
Em situações de déficit hídrico, as plantas respondem aos fatores fisiológicos, diminuindo as atividades dos processos que geram perda de água, como, por exemplo, a transpiração e a absorção de água no solo. As plantas podem responder e se adaptar ao estresse hídrico, alterando seu metabolismo celular e invocando vários mecanismos de defesa.
O estresse hídrico, geralmente, está associado ao estresse oxidativo que leva ao aumento de espécies reativas de oxigênio (ROS ou ERO), que são subprodutos do metabolismo aeróbio, particularmente O2- e H2O2. O acúmulo de ROS causa danos no fotossistema II, que é um dos principais componentes da fase luminosa da fotossíntese. Dessa forma, desencadeia a peroxidação de lipídios e posterior queda na taxa fotossintética. Algumas medidas possibilitam o monitoramento da quantidade de ROS e seu posterior dano ao tecido vegetal, sendo elas: medidas de fluorescência da clorofila associada ao fotossistema II, medidas do teor de trocas gasosas e medidas do sistema antioxidativo enzimático.
A regulação das atividades enzimáticas, como das enzimas superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT) e peroxidase (POD) é uma forma eficiente de controlar o excesso de ROS gerada por estresses bióticos e abióticos. A ação combinada dessas enzimas converte o O2- tóxico e o H2O2 em água e oxigênio molecular, evitando os danos celulares em condições como o estresse hídrico.
Referências
MOHAMMADI, H.; GHORBANPOUR, M.; BRESTIC, M. Exogenous putrescine changes redox regulations and essential oil constituents in field-grown Thymus vulgaris L. under well-watered and drought stress conditions. Ind. Crops Prod. 122, p. 119-132, 2018.
TORRES, T. P. Putrescina no desenvolvimento do tomateiro cv. Justyne em condições de estresse hídrico, 2020.