O processo de penetração de um fungicida na folha é através do processo de difusão passiva impulsionada por um gradiente de concentração. Esse processo sofre influência de fatores ligados ao produto, da planta, do ambiente e da tecnologia de aplicação. Ao depositarmos um produto sobre uma folha, as direções que esse produto irá tomar podem ser variáveis. O infográfico abaixo apresenta algumas das direções possíveis para os depósitos de fungicidas sobre uma folha.
Alguns produtos chamados de contato podem ficar formando uma camada protetora na superfície dos tecidos, alguns fortemente aderidos juntos as ceras epicuticulares, outros ainda podem penetrar na cutícula e interagir com essa camada, porém não são translocados e por isso são considerados não-sistêmicos. Isso comumente ocorre para fungicidas protetores tais como os multissítios clorotalonil, mancozebe e cúpricos.
Alguns produtos podem penetrar na cutícula, passar por ela e ser translocação pelo apoplasto, podendo apresentar movimento apenas em profundidade translaminar (produtos mesostêmicos) ou podendo atingir o xilema e ser translocado no sentido acropetal (produtos sistêmicos).
Os triazóis translocam-se principalmente via xilema, podendo apresentar uma translocação parcial via floema, porém de baixa eficiência. O movimento via floema ou basipetal é mais difícil para fungicidas, sendo descrito somente para o fungicida Fosetil-Al esta propriedade. O Fosetil-Al é utilizado em macieira, por exemplo, o qual pode ser pulverizado sobre as folhas e após absorvido, é translocado via basipetal para o sistema radicular, onde possui ação no controle de fungos do gênero Phytophthora, agente causal de podridão radicular.
Fique atento!
Os fungicidas sistêmicos, após serem absorvidos e atingirem os tecidos internos da planta, conferem uma ação protetora mais prolongada do que os fungicidas não-sistêmicos (15 a 20 dias). Isso se dá, principalmente, ao fato de não ficarem expostos à remoção pela chuva e a fotodecomposição, não requerendo, por isso, aplicações tão frequentes. Diversos trabalhos conduzidos no Instituto Phytus indicam que após a aplicação de fungicidas sistêmicos em soja, a ocorrência de chuvas uma hora após a pulverização não comprometeu a proteção, demonstrando que a penetração destes compostos via cutícula pode ser rápida. No caso dos fungicidas aplicados nas sementes, estes não são absorvidos e nem translocados nesse órgão, pois as sementes não apresentam sistema condutor. Nesse caso, os fungicidas permanecem na superfície e quando a semente germina, podem ser absorvidos via solo pela radícula e translocados via xilema para os órgãos aéreos da plântula.